28/02/2008

Depressa, Sofia! Traga-me algo que seja doce! Preciso de alguma coisa que realmente consiga trazer-me um pouco de deleite: música, fruta azedinha, poema sem fim aparente, um telefonema de um ausente amigo...
Sabes bem que já me ofenderam. Levaram-me sonhos e idéias. As melhores idéias que já tive. Sabes também que acho o Camelo inteligente, todavia, esforço-me bastante e não consigo gostar de Los Hermanos.
Já duvidaram de mim antes, Sofia. Você não é a única e nem será a última. Por certo não me trará o 38, então andarei ainda quixoteando por aí.

27/02/2008

Ednardo é quem tem razão...

"Pavão misterioso
Nessa cauda
Aberta em leque
Me guarda moleque
De eterno brincar
Me poupa do vexame
De morrer tão moço
Muita coisa ainda
Quero olhar..."

26/02/2008

Clementina e eu

Fui feito pra vadiar

25/02/2008

A Coisa e o lugar

Um lugar pra cada coisa
Cada coisa em seu lugar
Lugar e coisa
Coisa e lugar

Qualquer coisa no mundo
O lugar no mundo das coisas
Um mundo de coisas
Todas as coisas do mundo

Nenhum lugar em qualquer coisa
Qualquer lugar do mundo
Qualquer lugar no mundo

O lugar fora da coisa
A coisa para o lugar
Mil lugares e mil coisas

Meu coração abriga todos
Lugares e coisas
Meu coração cheio de coisas e sem lugar



20/02/2008

oito e meia da manhã

... daí veio um soldado dos bombeiros, com profundos olhos verdes e me perguntou, num discreto sorriso, como fazia pra pegar o metrô. Ficou-me a questão (um tanto preconceituosa, talvez): Como pode alguém com cerca de 1,60 ser bombeiro?

19/02/2008


No dia em que o velho Comandante caiu, caio no sono mais cedo. Sempre com medo de como o mundo e a Ilha vão acordar...

17/02/2008

Preciso voltar a escrever. Duvido que Hemingway e Poe se dessem ao luxo de ter lapsos de escrita. Modestamente me comparar a eles é, no mínimo, insólito, mas o que se pode esperar de um fatídico fim de domingo depois de um não menos fatídico fim de semana. São os fins dos tempos. Fim de ano, fim de festa, fim de relação... é tudo uma merda.

16/02/2008

Festinha do Gatomário

Quando, as três da matina, vi a cara de Pluto do Gatomário dizendo “sobrou vódica!”, olhando para garrafa feito um tarado, pensei: “indubitavelmente é hora de ir embora.

14/02/2008


13/02/2008

Idiossincrasias pertinentes

Assim como os estivadores devem ter uma alimentação caprichada e da mesma forma que um poeta deve ser insone as bailarinas devem sempre dormir nuas.

12/02/2008

Um pouco de L. F. Veríssimo

"Quando o casamento parecia a caminho de se tornar obsoleto, substituído pela coabitação sem nenhum significado maior, chegam os gays para acabar com essa pouca-vergonha".

10/02/2008

Receita infalível

Ctrl + Alt + Delete
Devo aproveitar esse espaço e escrever algo. Sempre tive paúra de papel em branco. O papel em branco é tão impávido, estóico e prepotente. Ele, com sua brancura desafiadora, é uma denúncia eloqüente da falta de assunto, do medo da pena, do receio da confissão. A palavra meramente dita, esvai-se com o vento. A impressão no papel exige responsabilidades posteriores e isso me assusta. Mete-me o maior cagaço.
Quando acordo menos acovardado, consigo até dialogar com ele e com as palavras de forma mais tranqüila e serena, perfeito ménage à trois, mas tem dia que a gente não se entende.
Métrica, rima e compasso nunca foram meu forte, mas sobrevivo sem isso. Mas, ao papel em branco... Esse quer algo de mim que nem sempre eu consigo oferecer. “Tudo o que quer de mim / Irreais / Expectativas / Desleais”

09/02/2008

Disseram que tá virando um blog gay...

Bêbado e injuriado

“Se eu só lhe fizesse o bem
Talvez fosse um vício a mais
Você me teria desprezo por fim
Porém não fui tão imprudente
E agora não há francamente
Motivo pra você me injuriar assim
Dinheiro não lhe emprestei
Favores nunca lhe fiz
Não alimentei o seu gênio ruim
Você nada está me devendo
Por isso, meu bem, não entendo
Porque anda agora falando de mim”
Chico Buarque (Bêbado sou eu, a música é só injuriado)

07/02/2008

A ressaca como elemento inspirativo

Para além do imperativo das verdades incontestáveis vistas na tv, a chuva traz-me uma solidão poética que chega a ser doce. Tão doce como a falta de alguém, como o cheiro de bosta de vaca no solavanco da estrada de terra. Pequenas dores doces que me enchem de nostalgia em dias chuvosos assim. Acho que vou ao cinema. E tem tanta coisa pra fazer, tanto pra ler... Tenho medo de ficar cego. Pai de amiga minha ficou. Ele lamenta muito não poder ler. Melhor mesmo ir logo ao cinema e ler muita coisa hoje. E se eu cegar amanhã?

06/02/2008

Bar ideal

Colaboração do Menino Deus

05/02/2008




Há fé e fome


Um que come
Ao outro a fome
Aos dois a reza
Foi-se um
Restou o orante
Resto orante
Sem comida
stoN

04/02/2008

Vou Tirar Você do Dicionário

Itamar Assumpção

Eu vou tirar do dicionário
A palavra você
Vou trocá-la em miúdos
Mudar meu vocabulário
E no seu lugar
Vou colocar outro absurdo
Eu vou tirar suas impressões digitais
Da minha pele
Tirar seu cheiro
Dos meus lençóis
O seu rosto do meu gosto
Eu vou tirar você de letra
Nem que tenha que inventar
Outra gramática
Eu vou tirar você de mim
Assim que descobrir
Com quantos "nãos" se faz um sim
Eu vou tirar o sentimento
Do meu pensamento
Sua imagem e semelhança
Vou parar o movimento
A qualquer momento
Procurar outra lembrança
Eu vou tirar, vou limar de vez sua voz
Dos meus ouvidos
Eu vou tirar você e eu de nós
O dito pelo não tido
Eu vou tirar você de letra
Nem que tenha que inventar
Outra gramática
Eu vou tirar você de mim
Assim que descobrir
Com quantos "nãos" se faz um sim
Nada pra fazer nessa chuvosa manhã de carnaval. Recebo um torpedo que me desmonta. Estou velho demais pra essas coisas. Vi Elza e Fred ontem. E sei que quando não for mais capaz de me apaixonar, de sofrer por amor, estarei no fim. E não quero que o fim chegue, ou melhor, quero que chegue, mas sem avisos, sem preâmbulos. Que ele seja absoluto e imediato. Quero também que quando ele chegar, encontre-me vivendo de amor, ainda que com malditos torpedos brochantes...
"E um dia, afinal,
tinham o direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia que
se chamava carnaval,
o carnaval, o carnaval"

03/02/2008

Espeliotemas

Epílogo


- André te ligou hoje de manhã. Disse a ele que assim que você acordasse ligaria de volta. Acho que é pra ver se vamos ao sítio.
- Minha cabeça está estourando, Pedro. Você viu aqueles comprimidos que eu trouxe da farmácia ontem? Acho que não sobreviverei até a Semana Santa, nem pra ir ao sítio, nem pra nada.
- Acho bom ligarmos pra ele depois. Dar uma resposta definitiva. Eu prefiro ficar quieto. Seus amigos são meio xarope.
- Comprou sorvete?
- Não tinha. Vou tomar um banho. Quando sair, quero ver esse quarto arejado e você de pé, rapazinho.
- Que bom! Mamãe está de volta.

Quando Pedro saiu do banho Fabiano já tinha ganhado a rua. Foi a última vez que se viram. Soube por um cara que freqüenta o Gárgula que ele voltou pra casa dos pais no interior. Teve tentação de fazer uma busca em hospitais psiquiátricos. Desistiu.

Sempre que Pedro passa diante da farmácia pensa que realmente era o melhor a ser feito. Cidade grande, emprego formal e drogas sintéticas não dão futuro pra ninguém.

Literalidades 2

02/02/2008

"E aos corações, sentimentos profundos de terna alegria no dia do Menino Deus"


Obtenção de renda by Kim Joon 2


Acordo com uma ressaca assustadora. Tenho que escrever coisas, pensar coisas, falar com pessoas... Merda! Manhã agradável num sábado de carnaval. O mundo deve estar melhorando de alguma forma. “E pra não chorar eu só vou gostar de quem gosta de mim”.