02/11/2009

11/10/2009

27/09/2009

12/09/2009

"Se ao menos o meu amor estivesse aqui
E eu pudesse ouvir seu coração
Se ao menos mentisse ao meu lado
Estaria em minha cama outra vez"

09/09/2009

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09/09/09
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06/09/2009


Por onde?

Kléber Albuquerque/Táta Fernandes


Por onde passará o amor se a ponte quebrar?
Será que vai por água baixo ou aprende a voar?
Se vai voar até o infinito
Se esquecer de continuar
Ou vai fincar o pé na margem e acenar
Para um ponto qualquer no horizonte
Ou vai descer o rio até chegar no mar
Ou se o amor é a própria ponte
Amor, me diga
Ai, amor, me conte
Por onde passará o amor se a ponte quebrar?
Será que vai por água baixo ou aprende a voar?
Se vai pagar pra ver a flor do abismo desabrochar
Ou vai se consumir até se consumar
Ou vai cair em si do último andar
Saí sem ter paradeiro nem hora pra chegar
Vou conhecer o mundo inteiro e se você chamar
Com meu cavalo ligeiro volto pra te buscar ...

05/09/2009

Veinte Años

Maria Teresa Vera


¿Qué te importa que te ame,
si tú no me quieres ya?
El amor que ya ha pasado
no se debe recordar

Fui la ilusión de tu vida
un día lejano ya,
Hoy represento el pasado,
no me puedo conformar.

Si las cosas que uno quiere
se pudieran alcanzar,
tú me quisieras lo mismo
que veinte años atrás.

Con qué tristeza miramos
un amor que se nos va
Es un pedazo del alma
que se arranca sin piedad.

02/09/2009

Um pouco de Oscar Wilde

Quando os deuses nos querem punir, respondem às nossas preces.

01/09/2009

Tudo acaba

O que é doce acaba. O que é amargo e o que é salgado também. Um dia de sol com um bom passeio e sorvete acaba rápido. Tem coisas que acabam abruptamente como a queda de um Boing no Atlântico. Há outras que vão definhando e demoram a acabar, mas se acabam. A vida acaba. Uma erupção vulcânica faz muito estardalhaço, mas acaba. A vontade de urinar acaba logo, assim que se vai ao banheiro.
Quando se está no meio de um importante trabalho no computador, a energia elétrica acaba. O trabalho, um dia, acaba. O computador acaba. E você reza para que todos eles acabem antes que você se acabe.
Os números e tudo que é infinito, ainda que por cansaço, acabam. Vão acabar a necessidade, o desejo e a vontade. O que é bom acaba. O que é ruim acaba. O óbvio, o sutil, o diáfano, o precário, o obtuso acabam. As melhores bandas de rock acabam. As piores também. Paixão, rancor, carinho, raiva, amizade e todo e qualquer outro sentimento acaba.
As reservas particulares do patrimônio natural acabam. Marx, os Beatles, Dostoievski, Warhol, Gandhi e todos os outros acabaram. Dercy Gonçalves, embora não pareça, também acabará.
Uma dança do Corpo, uma peça do Galpão, uma letra do Chico acabam. A cidade, o mundo, deus, a vida, tudo, absolutamente tudo, acaba. E ao contrário do que disse Paulo Mendes Campos sobre o amor, tudo acaba e não renasce. Não começa de novo.
stoN

31/08/2009

Pensar na vida, ainda que só um pouquinho, já dá fraqueza na gente.
stoN

30/08/2009

28/08/2009

Entre o pólen e o gineceu da mesma flor

Sandro esperou ansiosamente pelo telefonema. Que não veio. Certo de que nada mais poderia salvar o que um dia tinha sido um amor indestrutível foi para a rua. Tomou um porre homérico e, noutro dia, além da ressaca monstruosa, restou uma vontade louca de mandar tudo à puta que pariu.
Mudou-se de vez para o norte do país. Nunca mais ouviu falar daquele que era o seu grande amor. Hoje Sandro é quase feliz. De vez em quando ainda se lembra daquela fatídica noite de sexta. E se o telefone tivesse tocado? E se o outro tivesse respondido à sua insistente necessidade de mais amor? Mas a resposta, o telefonema, o amor não vieram...
stoN

27/08/2009

Suspicious Minds

We're caught in a trap/ I can't walk out/ Because I love you too much baby
Why can't you see/ What you're doing to me/ When you don't believe a word I say
We can't go on together/ With suspicious minds/ And we can't build our dreams/ On suspicious minds
So, if an old friend I know/ Drops by to say hello/ Would I still see suspicion in your eyes
Here we go again/ Asking where I've been/ You can't see these tears are realI'm crying (these crying)
We can't go on together/ With suspicious minds/ And we can't build our dreams/ On suspicious minds
Oh, let our love survive/ Or dry the tears from your eyes/ Let's don't let a good thing die
When honey, you know/ I've never lied to you...
Mark James

26/08/2009

Ainda te amo
sempre e do mesmo tanto
te amo e ainda
mesmo que de longe
te amo
apesar de tudo, de mais e do que estiver por vir
te amo e não minto
nem nego
te amo.
stoN

19/08/2009

A felicidade veio até Curitiba

Depois de um exaustivo dia de trabalho, longe do torrão natal, recebo por telefone a deliciosa notícia de que serei tio de novo. Meu irmigo e minha cunhada estão grávidos. Na solidão do quarto de hotel, chorei pela alegria deles que também é minha. Amo-os por demais e posto aqui só pra todo mundo saber: Serei tio de novo!!!
stoN

17/08/2009

Da série globalitarismo

Maestro indiano regendo a Filarmônica de Israel, tocando Tico-tico no fubá, no interior de São Paulo.
stoN

08/08/2009

04/08/2009

Prece

Que Deus te ajude.
Que te livre das psicopatias, das sangrias desatadas,
dos calafrios, de ser convocado pra trabalhar como mesário.
Que ele te poupe das novas pandemias, de cair na malha fina,
de ter o seu cartão de crédito clonado.
Que Deus te livre das filas intermináveis,
de um AVC e dos juros bancários.
Que não te falte dinheiro pras bebedeiras, pras viagens
nem pra comer no chinês de quando em vez.
Que o Senhor te abençoe e te guarde
e dos seqüestros relâmpagos te salve.
stoN

Oeste Paulista

Nos vales abertos da vastidão dos infindáveis canaviais a vida, via de aventura, toma rumos que cartografia nenhuma dá conta.
stoN

30/07/2009

29/07/2009

Vou ali, logo ali na esquina do mundo, buscar aquilo que a sorte me prometeu. A felicidade que o destino disse que era minha. Os que verdadeiramente me amam, por favor, esperem por mim de braços, sorriso e coração abertos. Na volta, trarei quilos e quilos de lorotas, causos e sonhos na bagagem.

StoN

28/07/2009


Sandrinha acordou bastante cedo no domingo, adiantou os afazeres do almoço e deu-se ao direito de passar na barraca de Tonha e comer um acarajé depois da missa. A manhã era de uma luminosidade intensa, com um calor sufocante como só a Cidade da Bahia pode ter. Havia tempo que não se falavam e Tonha lhe contou meio mundo de coisas da vida de Arlindo. Sandrinha sentia muita falta dele ainda. Ela ficou triste e voltou pra casa querendo esquecer tudo. Não deu tempo. Briga no bar de Seu Onofre, aquele que fica na esquina da casa de Sandrinha. Gente que passou a noite bebendo e se desentendeu por coisa pouca. Teve muito tiro justo na hora que Sandrinha chegava com o coentro e a galinha. Ela nem teve tempo de esquecer, morreu chorando, mas não era do ferimento da bala não.
stoN

26/07/2009

Laerte


*Clique na imagem. É pra ver melhor, Chapeuzinho...

25/07/2009

Um pouco de Saramago

“Serei mesmo um erro, perguntou-se, e, supondo que efetivamente o sou, que significado, que conseqüências para um ser humano terá saber-se errado. Correu-lhe pela espinha uma rápida sensação de medo e pensou que há coisas que é preferível deixá-las como estão e ser como são, porque caso contrário há o perigo de que os outros percebam, e, o que seria pior, que percebamos também nós pelos olhos deles, esse oculto desvio que nos torceu a todos ao nascer e que espera, mordendo as unhas de impaciência, o dia em que possa mostrar-se e anunciar-se, Aqui estou."
In: O Homem Duplicado

23/07/2009


20/07/2009

Meus iguais, Feliz Dia do Amigo!!!

Considero-me, acima de tudo, um sortudo. Tenho amigos que são verdadeiras preciosidades. Conto-os nos dedos das mãos, mas fazem-me muito feliz e sei que posso contar com eles sempre: pra um desabafo; pra uma “quinta-sem-lei”; pra chorar de saudade ao telefone; pra amanhecer numa loja de conveniência, num posto qualquer; pra me mandar lindas músicas por e-mail; pra me convidar pro cinema e me arrancar do tédio do domingo; pra me mandar recado dizendo que me ama; pra me convidarem pra ser padrinho de casamento; pra me dizer coisas que me marcam fundo. Cunhei com alguns deles o termo “irmigo” que, minimamente, dá conta da nossa proximidade. Confesso que os amo justamente pelas incontáveis lágrimas que me proporcionam sempre. Gosto muito da frase dita por Wilde: “tenho amigos para saber quem eu sou.”. Uma amiga, muito querida, disse-me que esta frase se aplica contundentemente pra quem tem o Mal de Alzheimer. Também gosto muito de meus amigos por estas e outras...
stoN

19/07/2009

Um pouco de Oscar Wilde

Os pequenos atos de cada dia fazem ou desfazem o caráter.

18/07/2009

Conversa [des]afiada

_ Quem te disse que morrer não vale à pena?
_ Viver.

'

15/07/2009

Preciso reaprender a rezar

A coisa mais difícil desse mundo é acertar. E não é por falta de tentativa não. Do alto dos meus 36 anos venho tentando, incessantemente, o rumo certo das coisas; o jeito certo de se lidar com trabalho, amigos e estudos; desculpar-me na hora certa; tentar ajudar do jeito que posso...
E sempre dando cabeçadas. E olha que, modéstia às favas, costumo ser bastante dedicado. Todavia, em algumas horas (como agora) a única coisa que me assola é uma pergunta crucial, absoluta, espessa e angustiante: “O que eu fiz de errado? Eu tentei fazer da melhor forma!”. Mas não deu... Sempre tem um “mas” e sempre tem mais...
E eu fico triste feito menino que perdeu o doce. Amigo meu me disse ontem que eu estou é carente. Estou não. Eu sou, mas quem não o é?
Vou continuar.
E tentando acertar...
stoN, o que erra.

14/07/2009


13/07/2009

Para um amor distante

Olha

Olha você tem todas as coisas
Que um dia eu sonhei prá mim
A cabeça cheia de problemas
Não me importo, eu gosto mesmo assim
Tem os olhos cheios de esperança
De uma cor que mais ninguém possui
Me traz meu passado e as lembranças
Coisas que eu quis ser e não fui
Olha você vive tão distante
Muito além do que eu posso ter
E eu que sempre fui tão inconstante
Te juro, meu amor, agora é prá valer
Olha, vem comigo aonde eu for
Seja minha amante, meu amor
Vem seguir comigo o meu caminho
E viver a vida só de amor.
Roberto Carlos / Erasmo Carlos

09/07/2009

Anima vitrum

No carinho negado, foi-se o que restava de aconchego pra uma vida inteira. Naquele momento triste, que fez com que minha alma tentasse castigar, mui severamente, meu corpo, perdeu-se algo precioso e profundo em mim. E, não sei como, tenho certeza que se perdeu pra sempre. Ainda tento entender os motivos de tal negação, da total ausência de afeto e me perco na dor, na mágoa. Parece que o que se quebrou foi, acima de tudo, definitivo. E ainda sangra.
stoN

06/07/2009

02/07/2009

Com pó e mistério
a mulher ao espelho
retoca o adultério.
Millor Fernandes

01/07/2009

UM TON FOR EVER

Enquanto dure
Até que expire
Um tom eterno
For ever
Para Everton
stoN

30/06/2009

Um pouco de Cervantes

“O bom passadio, o regalo e o descanso inventaram-se para os cortesãos mimosos; mas o trabalho, o desassossego e as armas fizeram-se para aqueles que o mundo chama cavaleiros andantes, dos quais eu, ainda que indigno, sou um, e o mínimo de todos”.
Dom Quixote

29/06/2009

Afeito

Assim como ao dormir,
acordei pensando em ti.
No banho
tive a certeza de que nunca mais sonharei
com seu beijo.
Me cortei com a cara pintada de branco.
La crema de afeitar.
stoN

28/06/2009

27/06/2009

"Bob Marley morreu
Porque além de negro era judeu
Michael Jackson ainda resiste
Porque além de branco ficou triste"
Gilberto Gil

16/06/2009


13/06/2009

Puta que pariu!!!

Fazia tempo eu não acordava com uma ressaca tão grande e com o indefectível “puta que pariu” me acometendo no primeiro instante consciente. Foi uma noitada produtiva, o que é reconfortante. Chegar em casa às sete da manhã e passar o dia todo tentando voltar a ser digno do termo “vivente” teve, no fundo, um gosto bom.


stoN

10/06/2009

Em Brasília, o que não é monumental, é mais insólito do que o é. Tudo é distante, não só de qualquer outra coisa, como de si mesmo e do real. Mais do que um não lugar, é como estar numa não cidade. Brasília, sobretudo fora do Eixo Monumental e da Esplanada dos Ministérios é uma negação de si mesma. Eu, realmente, gostaria muito de morar aqui.
stoN

09/06/2009


Traço do arquiteto

Brasília continua linda e interessantemente diversificada. Tudo me parece por demais misturado e com a presença latente da divisão. Aqui o espaço urbano, meu tema predileto, assume características que desafiam, e muito, minha prosaica percepção geográfica.
stoN

07/06/2009

Sem razão

Te amo por você nunca me ter beijado a boca, jamais ter me oferecido a língua. Por ter me trazido tanta paz e tanta dor. Te amo por ter me feito surpresas magníficas e ter esquecido de mim tantas vezes. Por ter me feito me sentir o cara mais importante pra você e por ter demonstrado várias vezes que não queria me ver. Te amo pelo que você é e foi pra mim. Te amo.
stoN

06/06/2009

02/06/2009

Já, neiro?

Ligeiro foi o ano todo
De hora, dia e mês
Pro início de novo.
stoN

01/06/2009

Aos geógrafos e às geógrafas


Semana passada, 29/05 foi o Dia Nacional do Geógrafo. Não sei por qual motivo, razão ou circunstância acabei deixando passar tão memorável data em brancas nuvens. E logo eu que, dentre os geógrafos, talvez seja o mais orgulhoso de o ser. Todavia, é mais do que sabido que carinho é bom antes, durante e depois. Envergonhado e arrependido trago essa postagem póstuma.
Stongeo

31/05/2009

Na correria, acabou queimando o céu da boca com o café. Percebeu isso quando já estava no táxi, a caminho do aeroporto. Tudo foi cansativo e, ao mesmo tempo, muito animador naquele dia. Nove horas e quase três mil quilômetros depois, ele estava livre de um monte de coisas e disposto a começar nova vida. Tudo, finalmente, seria realmente novo: trabalho, casa, estado, amigos. Demorou quase uma semana para os amigos e parentes receberem a notícia de que, num acidente de carro, ele havia morrido. Ninguém soube que ele havia queimado a boca com o café da padaria da esquina no mesmo dia em que morrera. “Estranho alguém ir morrer tão longe”, encasquetou Sofia.
stoN

30/05/2009

29/05/2009

O que

Aponta
Desponta
Desaponta
Importa?
stoN

28/05/2009


Escrever é fácil. Você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca idéias.
Neruda

27/05/2009

Essa semana, ganhei uma cachaça de Diamantina, ainda não provei. Parece boa, cheira bem. Meu respeito pelos amigos aumenta depois que eles me dão cachaça de presente. Só os melhores amigos me presenteiam assim e fazem dissolver em mim espessas camadas de culpa por apreciar tanto a marvada. Não sei se é o fato de me darem o presente ou se é a boa pinga que faz esse trabalho de erosão, mas sinto-me mais leve. Com a culpa erodida.
stoN

26/05/2009

Alma

Alma/ Deixa eu ver sua alma/ A epiderme da alma/ Superfície!/ Alma!/ Deixa eu tocar sua alma/ Com a superfície da palma/ Da minha mão/ Superfície!...
Easy! Fique bem easy/ Fique sem, nem razão/ Da superfície!/ Livre! Fique sim, livre/ Fique bem, com razão ou não/ Aterrize!...
Alma!/ Isso do medo se acalma/ Isso de sede se aplaca/ Todo pesar não existe/ Alma!/ Como um reflexo na água/ Sobre a última camada/ Que fica na/ Superfície!...
Crise!/ Já acabou, livre/ Já passou o meu temor/ Do seu medo sem motivo/ Riso, de manhã, riso/ De neném a água já molhou/ A superfície!...
Alma!/ Daqui do lado de fora/ Nenhuma forma de trauma/ Sobrevive!/ Abra a sua válvula agora/ A sua cápsula alma/ Flutua na/ Superfície!...
Lisa, que me alisa/ Seu suor, o sal que sai do sol/ Da superfície!

Simples, devagar, simples/ Bem de leve/ A alma já pousou/ Na superfície!...

in: Alma by Pepeu Gomes e Arnaldo Antunes

Ao Menino Deus, irmigo de ALMA

24/05/2009

Vão de amar

Poucas coisas ainda me são valiosas. A vida continua desenhando contornos diáfanos em mim e no meu destino. O trabalho, o sexo, o estudo e a saudade que sinto de quase tudo seguem me empurrando para um lugar que não sei qual é e nem se o desejo. Ainda te amo.
stoN

21/05/2009

BSB

Alziro tem alzheimer
Perdeu-se
Foi encontrado vagando
Na Esplanada dos Ministérios
Nem tudo é planejado
stoN

18/05/2009

Ontem revi o último capítulo de “Anos Incríveis” e mais uma vez fiquei triste. Kevin Arnold não se casa com Winnie Cooper e a poética história do cara termina poeticamente real, como tudo na vida insiste em ser. Aí me vem a pergunta que Marcelo me fez outro dia: mas de qual realidade estamos falando? Realmente é uma boa pergunta.
stoN

17/05/2009

A aula estava chata, Manuela não se sentia à vontade com os colegas de classe. Muito menos com o professor e com o curso. Ela se questiona se alguma vez esteve à vontade diante da vida. Saiu do campus quando ainda havia luz no quase frio fim de tarde de outono. Sentia-se estranhamente dividida e com vontade de mudança: Pintar o cabelo, morar em outro bairro ou desistir da arquitetura. Qualquer coisa seria melhor do que continuar do mesmo jeito. Manuela chegou em casa e colocou água para um chá. Ajudaria a descansar. Passou a noite toda pensando no que e em como ela mudaria. O cansaço fez com que caísse logo em profundo sono. No dia seguinte, quando deu por si, já estava no escritório se preparando para mais um dia de trabalho. Nada mudou. Nem mesmo marcara hora no cabeleireiro.
stoN

16/05/2009

13/05/2009

seu beijo

Atirei-me sobre o seu corpo languidamente estendido na cama e com sofreguidão tomei sua boca entreaberta. Busquei sua língua como se minha fosse, querendo trazê-la a mim e oferecendo a minha em troca. Não houve tempo, nem vontade, tampouco motivo para interromper a o pretexto do desejo, ainda que aquela trepada representasse um insólito retrocesso no que nós dois havíamos conquistado em respeito e em amor próprio. Foi bom. Apaguei seu número de minha agenda e ele nunca mais me ligou. Às vezes, ainda tenho saudade do jeito estranho com que ele se mostrava interessado em me beijar.
stoN

12/05/2009

Hoje faço 36 anos.
Acordei
com muita saudade de mim.
stoN

07/05/2009

com H

Estava de batom e com os cabelos presos. Percebi que tudo aquilo era importante para ela. Admirá-la passou para um patamar mais sólido. Pareceu-me um tanto frágil e substancialmente devotada. O seu olhar chegou perto de me emocionar, me enternecer. Tive medo...
stoN

03/05/2009

A poesia escondida

Preparando-me para a aula de amanhã, enquanto enfrento uma gripe brutal (tomara que não seja suína!), deparo-me com o seguinte trecho: “Para entender a dialética das dimensões exógenas e endógenas dos processos de crescimento¹ e de desenvolvimento é preciso ter presente que a globalização se produz efetivamente em um único espaço (transnacional), mas por meio de múltiplos territórios (subnacionais).” ²
Fico boquiaberto como é poético...
Agora me respondam: a Geografia não é apaixonante?
stoN
¹Grifos do autor
²GUIMARÃES. R. P. A ética da sustentabilidade e a formulação de políticas de desenvolvimento. In: Viana, Silva e Diniz, 2001

A espera de um filósofo

Tomei um capuccino italiano no tempo suficiente de uma espera. Tocava jazz e, para além do entra e sai de gente metida à besta na cafeteria, sobrava expectativa de saber um pouco mais de ti. Assaltou-me uma saudade, um tanto descabida, de um tanto de coisas não vividas e sentidas. Deve ser mais uma manifestação esdrúxula de “nostalgia da modernidade”.
stoN

02/05/2009

01/05/2009

MARÉ BAIXA 09

Depois de alguns meses e vários programas, os dois já possuem o que pode se chamar de amizade. No último sábado, um dia morno e um tanto triste, Miguel e Arlete foram levar João Victor ao parque. Havia muito tempo que Miguel não sentia tão feliz. Era a tarde perfeita de uma família feliz a passear na melhor cidade do mundo. Nada poderia afetar sua poliânica felicidade. Na volta para casa passou por um bar e se encontrou com uns amigos. Não teve coragem de comentar sobre o seu novo relacionamento, pois, por certo, havia algo diferente entre ele e Arlete, uma coisa além da trivial relação com uma prostituta. Isso era claro para ele: eles tinham algo. Foi pra casa feliz, cansado e bêbado. Dormiu pensando em sair da livraria e que ele gostaria de ser o pai daquele menino.
stoN
Foto: Jean Wyllys

28/04/2009

Jura

Me ame hoje
ligue amanhã
e mande flores quando fizer um ano.
stoN

26/04/2009

MARÉ BAIXA 08

Miguel anda encafifado: Como pode uma lésbica ser prostituta? Ele duvida da orientação sexual de Arlete e considera que ela gostou foi muito das três vezes que eles treparam. Chegaram a conversar algumas amenidades, mas não teve coragem de perguntá-la sobre o tema. Pensa nela o dia todo e já comprou um presente. Não sabe se terá coragem de entregá-lo à moça. Pensou em também comprar um livro para João Victor. Será que esse moleque gosta de livros? O universo de Miguel está circunscrito entre a livraria, sua casa e a esquina de Arlete. Difícil pensar em outro presente que não fosse do seu trabalho. Da última vez que transaram, Arlete lhe pareceu distante e triste. Miguel tem pena e vontade de lhe oferecer o mundo, mas ele não o tem. Só se oferece o que se tem, pondera o rapaz e tenta se consolar pensando que um dia ele o tenha. Enquanto isso ela terá que se contentar com um livro, mas um dia...
stoN

25/04/2009

Para Raskólhnikov começou então uma época estranha, era como se uma bruma tivesse se erguido de repente diante dele, envolvendo-o numa solidão irrespirável e densa. Ao lembrar mais tarde esse tempo, percebeu como sua consciência estava escurecida, e como esse estado se prolongou, com leves intervalos, até que sobreveio a catástrofe definitiva. Estava firmemente convencido de que se enganara com em muitos pontos, por exemplo, na data e na duração de certos acontecimentos. (...) De maneira geral, naqueles últimos dias se esforçara para se convencer de que compreendia clara e plenamente a sua situação; certos fatos vulgares que necessitavam de uma elucidação imediata lhe causavam uma preocupação especial, mas, como ficaria contente se pudesse se libertar e evitar algumas preocupações cujo esquecimento, aliás, na sua situação, seria uma ameaça de realizada e irreparável rotina.
Dostoiévski in: Crime e castigo.

23/04/2009

Drágeas

duvido
da Vida
vi dor
em vidros
stoN

22/04/2009

MARÉ BAIXA 07

Pela primeira vez nosso herói conseguiu abordar Arlete e, ousado como nunca, combinou o programa. Ela estava receosa, já tinha botado reparo no rapaz e tava cismada com aquela postura. De início achou que fosse traficante novato, mas depois viu que ele só ficava observando. Pensou: É um pervertido novato, então. Miguel achou a trepada maravilhosa. Ela era melhor do que ele esperava. Era perfeita, carinhosa, bonita demais, e tinha aquele jeito de olhar pro lado que o deixou louco. Ele foi muito intenso o que reforçou a idéia de que ele era meio psicopata na cabeça dela. Teve vontade de pedi-la em casamento naquela mesma noite, ou pelo menos para dormir na cama dela até o dia clarear. Não teve coragem.
stoN

21/04/2009

E a estrada é de terra...

Deixai aqui todas as esperanças, ó vós que entrais”¹. Agora vejo que era isso que estava escrito no portal de entrada do feriadão. Foi tão conturbado e cheio de “choro e ranger de dentes”² que até achei que já fosse o juízo final. Todavia não o era. O pior é que nunca o é. Se o fosse (expressão típica de um ensaísta amigo meu) seria melhor. Agora, juntando cacos, a caravana continua, a despeito do ladrar dos cães e os mais sabidos juram que é no andar da carruagem que as abóboras se ajeitam. Ainda bem que (pra abusar das citações): "Quem tem amigos está mais perto de ter Deus"³ e foi o que me salvou. Duvido que Deus exista, mas amigos, com certeza, existem.
stoN

¹Dante Alighieri, in: Divina Comédia – Inferno
²Evangelho de Mateus, capítulo 13, versículo 42
³Grupo de Teatro Ponto de Partida - Barbacena-MG

19/04/2009

Mais uma sacadíssma do Laerte

Clique na imagem. É pra ler melhor, Chapeuzinho...

Vamos Fazer um Filme

Achei um 3x4 teu e não quis acreditar/ Que tinha sido há tanto tempo atrás/ Um bom exemplo de bondade e respeito/ Do que o verdadeiro amor é capaz/ A minha escola não tem personagem/ A minha escola tem gente de verdade/ Alguém falou do fim-do-mundo, O fim-do-mundo já passou/ Vamos começar de novo: Um por todos, todos por um/ O sistema é mau, mas minha turma é legal/ Viver é foda, morrer é difícil/ Te ver é uma necessidade/ Vamos fazer um filme/ E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te amo."? Sem essa de que: "Estou sozinho."/ Somos muito mais que isso/ Somos pingüim, somos golfinho/ Homem, sereia e beija-flor/ Leão, leoa e leão-marinho/ Eu preciso e quero ter carinho, liberdade e respeito/ Chega de opressão: Quero viver a minha vida em paz/ Quero um milhão de amigos/ Quero irmãos e irmãs/ Deve de ser cisma minha/ Mas a única maneira ainda/ De imaginar a minha vida/ É vê-la como um musical dos anos trinta/ E no meio de uma depressão/ Te ver e ter beleza e fantasia./ E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te amo."? E hoje em dia, vamos Fazer um filme/ Eu te amo/ Eu te amo/ Eu te amo.
Renato Russo

16/04/2009

09/04/2009

MARÉ BAIXA 06

Arlete acordou cedo, numa ressaca incomensurável e foi levar João Victor à escola. Na volta o mesmo ritual: padaria, sacolão e uma passadinha e banca de revista para comprar cigarros. É uma mulher forte, desencanada e safo. A vida na rua ajuda a deixar as pessoas espertas. Depois do cigarro e do café com pão, voltou pra cama para dormir até a hora de buscar o moleque na escola e ajeitar um pouco a casa. Pensou em como seria bom ter uma companheira com quem pudesse dividir as coisas. Às vezes criar João Victor sozinho lhe era pesado demais. Sentiu-se só e adormeceu mesmo com o barulho da rua.
stoN

05/04/2009

Pequenas bobagens
ou
Aquele que trata da cretinice com parcimônia

Quando ainda havia paixão era mais fácil passar por cima do seu egoísmo exacerbado. Amainado o furor da querência, nem a pose clichê, que tinha certo charme outrora, faz sentido ou graça agora. Era uma pequena bobagem, só isso. O que ressalta ainda em ti, única e tão somente, é mesmo a postura interesseira e aproveitadora, tentando sugar um pouco, por mínimo que seja, do que a situação ainda pode oferecer de benefício pessoal. É puro vampirismo. E é pouco, muito pouco.
As máscaras vão caindo uma a uma, sobrando um monte de mentiras toscas, doentias e descaradas. Hodierno é tão costumeiro você se fazer de sonso que me enfaro de indolência. Era uma pequena bobagem. E eu, roto e desfigurado, insatisfeito no meu não menos egocêntrico território salpicado de defeitos cintilantes, consigo, ao menos, me cercar de temperos e novidades de alcova. Murado de rancor, vergonha e arrependimento de um dia ter posto as vistas em ti, tenho pelo menos o quinhão de minha culpa: fui negligente diante de suas irrefutáveis e recorrentes demonstrações de mau-caratismo.
stoN

Se chovesse você

"Se você fosse lua/ Dormiria contigo na praia/ Entraria contigo no mar/Choraria o teu minguante/ Seguiria o teu crescente/ Habitaria teu luar/ Se você fosse sol/ Eu seria girassol/ Tua luz seria meu farol/ Amaria teu calor/ O teu fogo abrasador/ Queimaria por amor/ Se você fosse vento/ Queria você todo momento/ Pra enrolar meu cabelo/ Levantar a minha blusa/ Arrancar-me um suspiro/ Ser o ar que eu respiro/ Se você fosse chuva/ Eu me deixava molhar de prazer/ Dançava na rua pra ter/ Minha roupa bem molhada/ Minha alma encharcada/ Se chovesse você."
Adonay Pereira, Eliana Printes & Eliakin Rufino

04/04/2009

MARÉ BAIXA 05

A infância de Miguel foi o que se pode chamar de uma meninice normal. Fazia tudo que os outros moleques faziam. Lembrou-se de Ana, sua primeira paixão, menina linda da sexta série que tinha perfume muito bom. Vai ver era do xampu que ela usava. O primeiro carrinho de controle remoto dado pelo tio. Lembranças faziam a tarde parecer mais leve. Sempre que não tinha nada pra fazer, Miguel gastava horas recordando essas coisas, buscando detalhes, chafurdando a memória o máximo possível. Atualmente ele não tem tido tempo para isso. A lembrança do sorriso de Arlete consome todo o tempo livre. E o que não é livre também. Às vezes ele teme estar obcecado.
stoN

03/04/2009


02/04/2009

MARÉ BAIXA 04

Acordou sentindo-se como se não tivesse dormido nem cinco minutos. No banho, Miguel tenta recapitular a noite: horas e mais horas no bar, observando Arlete de longe, cinco doses de rum, duas cervejas, três cachaças e uma dose de vodca da pior espécie. A cabeça parecia não ser dele, pesava muito sobre o pescoço. Na saída pro trabalho, cerca de quarenta minutos depois, teve um medo grande da morte. Medo de morrer da forma mais besta possível. Engasgado com um osso de galinha, ataque do coração catalisado por um choque elétrico, um descuido e já está o crânio estourado no asfalto. Basta um vacilo.
Já na livraria teve que se fazer de forte, vencer o cansaço e a ressaca para dar conta do trabalho. Todavia não se podia dizer que estava infeliz. Pensou no sorriso de Arlete e teve vontade de viver muito mais ainda. Espantou o medo da morte e já era quase hora de bater o cartão. Perguntou a si mesmo se agüentaria mais uma noite de vigília. Não se respondeu.
stoN

Visagem IV

A tristeza dela
É por causa da paixão dele
Eu sou psicopata
E não sei o nome deles.
stoN

01/04/2009

Visagem III

O bonito conversou
Com a menina dos olhos tristes
Ele deve saber o nome dela
Será que ele também sabe o meu nome?
stoN

31/03/2009

MARÉ BAIXA 03

Já faz muito tempo que Miguel passa horas a fio, por várias noites, observando Arlete. Já saiu com duas de suas amigas e descobriu bastante coisa a respeito dela. É prostituta há três anos, o mesmo tempo que ele trabalha na livraria, pensou. Descobriu também que ela é lésbica e tem um filho de cinco anos. Miguel tem um interesse enviesado pela prostituta do sorriso bonito. Basta pagá-la, mas isso ele não quer. Ele não quer a prostituta. Quer o sorriso dela. Miguel está se achando um tanto psicopata. As putas também.
stoN

Visagem II

Bonito como o Keanu Reeves
Chega a se parecer com ele
E tem olhar de psicopata
Deve estar apaixonado.
stoN

30/03/2009

MARÉ BAIXA 02

Quando viu Arlete pela primeira vez, Miguel logo intuiu qual era a profissão da moça. O visual, o perfume e o local onde estava parada não deixavam margem pra dúvida. Teve vontade de abordá-la, mas não arriscou, nunca foi bom nisso. Nem mesmo a embriaguês dava-lhe a coragem suficiente para tanto. Sentia-se estático, desnorteado e febril, como Raskólhnikov. Nem podia, ou sabia, dizer se era desejo ou não. Só sentia que era inevitável, urgente e emergente estar com ela. Precisava dela, mas não conseguiu chegar até ela. Depois de horas observando Arlete do bar, decidiu voltar no dia seguinte e, aí sim, preparado e com mais segurança, conversar com a moça de sorriso indecentemente lindo. Deve ser por causa desse sorriso que ela conseguiu três clientes naquela noite.
stoN

Visagem I

Ela tinha olhos muito tristes
Tive vontade de saber o seu nome
Era tarde
Ela já sabia o meu.
stoN

29/03/2009

MARÉ BAIXA 01

Soraia acabou de comprar um carro e não pretende emprestá-lo para o seu irmão Miguel. O moço está desolado, pois, em pleno sábado, comprou três garrafas de vinho branco, todos os amigos estarão na festa e ele não tem como sair de casa. Com tanta chuva, ir de ônibus seria horrível. Mesmo se ele já tivesse comprado sua moto não teria como sair. A vida nunca é justa para um vendedor de livraria.
Miguel nem se lembra de quando foi que leu um livro. Por certo deve ter sido na quinta série. Mas vê muita importância nos livros e na leitura, pois é através deles que garante o seu mísero salário. De banho tomado, gel no cabelo e bastante perfumado, voltou pro MSN praguejando Soraia que não entende sua necessidade de ser feliz. Aliás, ninguém o faz.
stoN

28/03/2009

Não adianta seguir tomando hidróxido de alumínio quando se está diante de um clássico caso que carece de tomar é vergonha na cara. Pensou. Agora que o barulho lá fora parou, ele pode tentar se concentrar no texto enfadonho. Pena que a chuva fina vai, aos poucos, sendo substituída por um sol preguiçoso. É mais fácil ficar estudando com o tempo ruim. Nada disso faz muito sentido mesmo: dor no estômago, estudo, vergonha, sol com chuva...
stoN

27/03/2009

Depois de uma longa semana de trabalho exaustivo, vamos a mais uma sexta sem lei e sem juízo. Que todos os orixás nos protejam e como diria Vinicius: Encararemos!!!


stoN

26/03/2009

Sentiu o cheiro forte, mesmo antes de abrir a porta. Quando conseguiu chegar até o quarto, já muito atordoado por pressentir a putrefação cadavérica, quase desmaiou. Teve um pensamento besta: a podridão humana é pior do que a do composto orgânico no aterro sanitário onde trabalha. Sílvio teve medo de não suportar a avalanche de coisas chatas que viriam a seguir. Quis morrer também.
Olhando para a mãe no caixão, lembrou-se de como gosta de usar a caneta até o fim, até que ela fique totalmente transparente, sem tinta. Foi mais um pensamento besta.
stoN

22/03/2009

Preciso amar um palíndromo


stoN
Medo
se fores
Me dê
flores
Me deflore

'
stoN

21/03/2009

Vale verde

Ontem foi mais uma daquelas deliciosas Sextas na Martinha. Ainda que o Kaká não entenda por que a gente vá pra lá: “Aí vocês vem pra cá e ficam conversando? Só isso?”. É sempre bom. Havia tempos não ficava tão alegrinho (leia-se bêbado) e dava tanta risada. Amigos são o que há de melhor nessa vida. Ou melhor, são a segunda melhor coisa da vida.
stoN
P.s.: e nem acordei de ressaca...
'

19/03/2009

Um caso a mais

Enquanto foi só um bom momento deu/ Enquanto foi só um pensamento meu Deus/ Deu só num caso forte a mais./ Enquanto se achava graça ao que se escondeu/ E a horas eram mais longas do que a verdade fez/ Pra ser só outro caso mais./ Enquanto for só ternura de Verão,/ eu vou/ Enquanto a excitação der para um carinho,/ eu dou./ Traz/ Uma leveza/ Ah, mas com certeza/ Eu dou/ Um outro melhor bom dia/ Trocamos o vento norte por vento sul/ Enquanto demos risadas foi-se o azul/ Nem sei qual deles foi azul demais./ Mas não ficará só a sensação de cor/ Nem sei o que o coração irá dizer de cor/ Se o Inverno for, depois, duro demais/ Enquanto for só ternura de Verão, eu vou/ Enquanto a excitação der para um carinho, eu dou/ Traz/ Uma leveza/ Ah, mas com certeza/ Eu dou/ Um outro melhor bom dia.
Luis Represas
'
[A todos que sabem o valor de um bom, de um melhor "Bom dia!"]

17/03/2009

MENTIRA

Para o enciclopédico site Wikipédia, a mentira trata-se de “declaração feita por alguém que acredita ou suspeita que ela seja falsa, na expectativa de que os ouvintes ou leitores possam acreditar nela”. Ainda na mesma fonte encontra-se que “’mentir’ é contar uma mentira” e que “uma pessoa que conta mentiras com freqüência, é um ‘mentiroso’”. Eu acredito que existem dois tipos de mentira. Aquela que é uma espécie de pastel frito, sem recheio, que a avó de meu vizinho fazia pra gente, nas tardes em que construíamos estradas num monte de areia. Era uma delícia. O segundo tipo é aquela que nos afasta cada vez mais uns dos outros.
stoN
“I don’t know the question, but sex is definitely the answer.”
Woody Allen

11/03/2009

Afff

Nietzsche em “Além do Bem e do Mal” me alertou: “Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha pra você.” Sinto-me assim. Um imenso abismo interior me olhando. O maior dos precipícios aliado a um cansaço inimaginável. Algumas situações atuais em minha vida estão me dando uma preguiça tão grande, que nem latas e mais latas de leite condensado dariam conta. Vai comendo, Ston...
stoN

D. Quixote


Gustave Doré

10/03/2009

Retomando rumos e trilhas dantes abandonadas me matriculei ontem numa disciplina isolada do famigerado mestrado. Senti-me de certa forma rejuvenescido por pirilampar pelo campus sentindo cheiro de erva em tudo quanto é canto. A primeira aula, que foi ontem mesmo, me fez recordar de como são chatas as primeiras aulas e me deu uma vontade abrir uma lata de leite condensado. Tomá-la inteira na tarde quente. Quem sabe oferecer um pouco pra professora:
_ Quer um teco?
stoN

08/03/2009

08/03: um dia Cor de Rosa Choque


Nas duas faces de Eva/ A bela e a fera/ Um certo sorriso/ De quem nada quer.../ Sexo frágil/ Não foge à luta/ E nem só de cama/ Vive a mulher.../ Por isso não provoque/ É Cor de Rosa Choque/ Mulher é bicho esquisito/ Todo o mês sangra/ Um sexto sentido/ Maior que a razão/ Gata borralheira/ Você é princesa/ Dondoca é uma espécie/ Em extinção.../ Por isso não provoque/ É Cor de Rosa Choque.
Rita Lee

Presley by Warhol


06/03/2009

Acordei disposto a tomar uma série de atitudes importantes para o meu crescimento pessoal, para meu relacionamento com os que me cercam e para contribuir com um futuro melhor para o planeta e para a humanidade. Depois do banho achei que isso tudo era besteira. Já faço o suficiente: uso desodorante spray com jato seco sem CFC e sem perfume.
stoN

05/03/2009

Sabor das Marés

Outra vez você deixa o cais/ Meu amor é o sabor das marés/ Eu te quis, eu te quero mar/ Mas não deixe secar os meus pés/ As canções acredite ou não/ Vão dizer onde o sol se escondeu/ E depois que a luz te fizer chegar/ Tenha sonhos de não se esconder/ E tudo é mistério e sal/ Histórias, histórias meu mundo real/ Hum! Venta um silêncio bom/ Não precisa dizer/ Que não vem.
Dalto & Marcos Sabino

03/03/2009


02/03/2009

"Sou cético, minha irmã é síndica". Quando um companheiro de buteco começa um devaneio com essas duas revelações bombásticas é sinal de que a noitada vai mesmo dar em merda. Duas da matina no Banzay. Arre égua!!!
stoN

28/02/2009

robert mapplethorpe II


Acordei com a impressão de que, como no receio do Baleiro, estou envelhecendo lendo Maiakovski numa loja de conveniência. Talvez seja só o fígado abrindo o bico depois de reiterados abusos com o coitado. No mais, o carná se foi e tenho que começar a pensar em matéria isolada, inglês, guardar dinheiro pra viajar no fim do ano, fazer uma reforma no banheiro... É tanta coisa. Vou tomar mais uma e ir andando com “a leve impressão de que já vou tarde”.
stoN

26/02/2009

O lance de degraus que levava até o terceiro andar rangeu como num filme de terror de quinta. Suzane achou engraçado que alguém morasse em um prédio tão velho e sujo. Tudo em Alfredo era engraçado, velho ou sujo. Vasculhou em qual parte da história dos dois havia deixado de amar o doce cara que tinha planos estranhos e um curioso corte de cabelo. Deve ter sido quando ela deixou de se preocupar com manchas no tapete e abandonou de vez a obsessão asséptica que só uma libriana pode ter. Ou então quando ela parou de acreditar no zodíaco. Alfredo a recebeu com a mesma cara boa de sempre. Fizeram macarrão com molho branco, assistiram jornal e treparam. Ele queria que ela dormisse, mas Suzane preferiu chamar um táxi. Nunca gostou de dormir com taurinos.
stoN

25/02/2009

Ao Little Dylan

Passei de novo em frente ao Banzay. Tava lotado. Tive vontade de perguntar à Cigana se ela se lembra de meu amor que atravessou o Atlântico. Bem sei que ela nem se lembra de quem serviu na noite anterior. Garçonetes de meia idade de bares do centro de grandes cidades têm memória curta. Sobretudo quando o tema é amor fugidio. É só pra dizer que você me faz falta. Que você e Cigana saibam disso: você me faz muita falta.
stoN

24/02/2009

"E um dia, afinal, tinham o direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia que se chamava carnaval."
Chico Buarque

21/02/2009

"Fui o alvo perfeito, muitas vezes no peito atingido"

20/02/2009

17/02/2009

Alguém jogou uma pedra no pára brisa traseiro do carro do moço com bigode esbranquiçado. O barulho seco e abafado me despertou da letargia do café amargo no copo lagoinha. Coitado do moço do bigode envelhecido. Nem viu de onde veio a pedra. Pensei em pedir mais uma empada de queijo, mas tive medo de que a noite me pegasse ainda na estrada. Acendi um cigarro, paguei minha conta e dirigi feito um louco. Doido de vontade de chegar. No caminho pensei que nunca usarei bigode quando estiver mais velho. Nunca usarei ser velho perto dos outros.
stoN

15/02/2009

Strani Amori

"Mi dispiace devo andare via, ma sapevo che era una bugia/ Quanto tempo perso dietro a lui,/ Che promette poi non cambia mai/ Strani amori mettono nei guai, ma in realtà; siamo noi./ E lo aspetti ad un telefono, litigando che sia libero/ Con il cuore nello stomaco, un gomitolo nell'angolo/ Lí; da solo, dentro un brivido, ma perché; lui non c'è, e sono/ Strani amori che fanno crescere e sorridere tra le lacrime/ Quante pagine lì; da scrivere, sogni e lividi da dividere./ Sono amori che spesso a quest'età;/ Si confondono dentro quest'anima/ Che s'interroga senza decidere, se è; un amore che fa per noi/ E quante notti perse a piangere, rileggendo quelle lettere/ Che non riesci più; a buttare via, dal labirinto della nostalgia/ Grandi amori che finiscono, ma perché; restano, nel cuore/ Strani amori che vanno e vengono,/ Nei pensieri che li nascondono,/ Storie vere che ci appartengono, ma si lasciano come noi/ Strani amori fragili, prigioneri liberi,/ Strani amori mettono nei guai ma in realtà; siamo noi/ Strani amori fragili, prigioneri liberi,/ Strani amori che non sano vivere e si pergono dentro noi/ Mi dispiace devo andare via, questa volta l'ho promesso a meperché; ho voglia di un amore vero, senza te."
R.Buti / Cheope / M.Marati / A.Valsiglio

Encontro

grata coincidência
seus sorriso e beijo
trazem mais alento
do que a Vale Verde.
stoN

12/02/2009

Modernosas idiossincrasias joviais e o cinema

O cara era
Tipo
Maior triste
Aí ele conheceu
Essa mulher
Que fez dele
Tipo
O maior feliz
E
Esses caras
Tão querendo matar ele.
stoN

10/02/2009

Solange veio a mim de uma forma tão abrupta e intensa que não tive fôlego, sossego nem perspicácia suficientes para mais do que três meses na cama dela. Nunca deixei que viesse até a minha. Era do tipo de mulher que nunca se deve deixar que invada o seu reino. É preciso montar barricadas, deitar pólvora nos mosquetes, soltar mais crocodilos no fosso, chegar fervura aos tachos de azeite. Caso Solange chegasse um pouco mais perto, provavelmente, hoje eu estaria menos tenso, mais teso. Em finais de verão com muita chuva sinto saudade dela. Sinto falta do modo, bem perto da crueldade, com o qual ela me fazia tomar uma garrafa inteira de vodca. Solange me ligava no meio da madrugada. Hoje em dia eu não tenho mais telefone.
stoN

08/02/2009


Deitei-me depois do almoço, mas não consegui dormir. Levantei-me, comi chocolate amargo, acendi um incenso e uma vela de citronela e li um conto erótico no computador, mas a paúra continuou. Tomei coca cola e acendi um cigarro indiano. Vou acabar me acostumando a fumar, pensei. Cai uma chuva fina que atrapalhou meus planos pra tarde, e o que é pior: está esfriando. Tudo é pior no domingo.

stoN

07/02/2009

coti di ânus

Quando ele acordou-se, eu já estava cansado de fazer nada. Foi um porre homérico que o derrubou de jeito. Combinamos coisas e planejamos as próximas etapas do combinado. Plano perfeito, pro crime perfeito. Aquele que não deixa suspeito.
Chegar a minha casa demorou uma eternidade e eu tive vontade de tomar uma cerveja, comer um bolinho de carne. Que fosse uma só, pra aplacar o calor de matar que anda esses dias, mas me lembrei que precisava ligar para a seguradora para “preencher o aviso de sinistro”. Como se não bastasse o susto de bater o carro ainda tem que avisar que foi sinistro?
Deus é mais!
stoN

05/02/2009

Aborto

escrevo feto
por linhas mortas
stoN

04/02/2009

Eu clichê

Eu transparente
Inteiro
Eu nu
Com medo
Sem vergonha
Com receio
Sem juízo

Sou eu assumido
Verdadeiro
Meio a meio
Sou eu lascado
Escandalizado
Egoísta

Sou eu cheio de mim
Sem rumo
Desinibido
Sem mim

stoN

03/02/2009


02/02/2009

01/02/2009

Ontem foi dia-noite-madrugada de um longo percurso de bares, o que me força a escrever projeto, que precisa ser entregue amanhã de manhã, nessa ressaca monstruosa. As manhãs de domingo poderiam ser mais, ou melhor, menos...
Ainda bem que isso vai acabar um dia.
“Vou te encontrar, vestida de cetim...”
Ao Gatomário, A Farsa. Bj, me possua!
stoN

Maratona

de copo em copo
até as três
da Martinha
stoN

31/01/2009

Pato Fu

“Tá na hora de você pensar de novo/ nas porquêra que ocê faz na sua vida/ ê vida sofrida/ esse ano eu vou curar minhas feridas...”

30/01/2009

Feira

Finalmente a sexta. E já é a última de janeiro, o mundo e o mês já estão no fim. Eita, quem segura esse trem??? Martinha, vai me esperando pra hoje!!!
stoN

29/01/2009

No meio do dia deu-me uma paúra, uma ansiedade estranha e precisei de um cigarro. Não encontrei nenhum fumante por perto, pensei em acender o tubo duma caneta vermelha. Que sina estranha é essa da existência, do pensar e da expectativa. A maldição do desejo é pior do que praga de madrinha. Vou deixar de lado essas coisas todas e parar. Simplesmente parar. Será que o de caneta preta é melhor?
stoN

28/01/2009

Bricandeira literária

Padmaia, do Cosmunicando, me mandou a brincadeira: pegar o livro mais próximo, abrir na página 161 e transcrever aqui o 5º parágrafo, além de repassar a brincadeira pra mais cinco pessoas que eu goste muito. Brincadeira pra mim é coisa muito séria:
"A persistência dos velhos padrões coloniais viu-se pela primeira vez seriamente ameaçada, entre nós, em virtude dos acontecimentos que sucederam à migração forçada da família real portuguesa para o Brasil, em 1808. (...)".
Sergio Buarque de Holanda - Raízes do Brasil
Os meus indicados:
Marcelo: sem blog, empresto o meu modesto espaço virtual
Beta: sem blog, empresto o meu modesto espaço virtual
P.s.: Essa indicação é quase tão concorrida quanto o do Oscar.
stoN

26/01/2009

cremAÇÃO

A cova
por mais profunda
que seja
não me cabe
stoN

25/01/2009

Martha Medeiros

bicho papão
viu moça em flor
e papoula

24/01/2009

Galhardo


O sorvete derreteu, até o completo fim, e você não me trouxe o seu sorriso. Será que cheguei tarde ou já era tempo de muito verão. Esse calor todo vem é de você? Tarde demais pra tentar descobrir. Tenho certeza que perdi a vez, o tempo, o trem da história e sei que você continuará linda, como naquele dia em que te beijei de olho aberto, na Avenida Paraná. O seu ônibus veio e você foi. Agora você vai de novo e, de novo, eu fico sem saber o que fazer, até o completo fim.
stoN

22/01/2009

Tenho dores no estômago.
Como alguém que tem as frituras, a vale verde e a coca cola como inveterados parceiros do Bocaiúva pode pensar em viver até os 70 com dignidade?
Ainda bem que eu não fumo.
Martinha, me espere pra amanhã com um bolinho de carne no ponto!
stoN