30/08/2010

Vão de amar

"Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar"

Com muita emoção recebi hoje telefonema de doce amigo com quem há tempos não falava. Fiquei feliz pelos deliciosos minutos de partilha da vida, de sonhos e de perrengues. Há tanta verdade em Guimarães Rosa quando fala dos encontros e desencontros das veredas da vida. E é tão bom, e absolutamente fundamentais, esses momentos de sintonia nesse processo de busca eterna. A amizade é nosso único e verdadeiro legado.
stoN

No fundo do baú


29/08/2010

Por engano II

A noite quente de Salvador expulsou Eziel de casa, a despeito do cansaço enorme que sentia. A tarde fotografando para o comercial da Sapataria Popular Baiana tinha sido um saco. Desde que abandonou o emprego e o curso de administração para se dedicar a carreira de ator, ele não pode recusar nenhum trabalho, e eles tem sido raros. Quando deu por si, já estava a caminho da casa de Sofia. Tinha esperança de vê-la chegando da faculdade ou da igreja. Enquanto andava, imaginava se uma fiel tão ardorosa não se sentiria ofendida com qualquer galanteio vindo de um ator de meia tigela como ele. Ainda mais se ela tivesse visto aquele escorregão que ele levou em frente ao trabalho dela. Ainda faltavam uns três quarteirões para chegar à casa de Sofia quando Eziel resolveu voltar pra casa. Melhor tomar uma sopa e dormir cedo.
stoN

27/08/2010

Nots

Acordei meio do avesso, com vontade de ouvir estática em vez de música, ir trabalhar e não passear; almoçar salada de rúcula e brócolis e não comer empada de camarão com coca cola. Tô preferindo ir ao banco a ficar de papo pro ar em casa. Se bobear, hoje prefiro ir a São Paulo, na Baixada do Glicério a ir pro Dragão do Mar em Fortaleza.

stoN

26/08/2010


22/08/2010

Crença

Acredito no vermelho e
Tenho fé
Nos seus dedos dos pés
Cheios de anéis.
stoN

20/08/2010

Para um amor no Nordeste

Um pouco de ressaca, numa manhã de sexta, dignifica a semana. Sobretudo depois de uma noite com muita música boa e amor pra mais de mar da Praia de Iracema.
Tanto mar, tanto amar...
stoN

16/08/2010

Inacabado

As coisas qu’eu escrevi parecem toscas
As que eu li, desonestas
À sombra da goiabeira
Dormem o passado e o sabiá.
stoN

15/08/2010

céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu SOL céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu céu
mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar mar

14/08/2010

"Eu abaixava os olhos, para não reter horizontes, que trancados não alteravam, circunstavam. "


João Guimarães Rosa

13/08/2010

Livro de receitas


Quando chegou ao saguão do aeroporto a cabeça já havia parado de doer. Nunca havia sentido uma dor tão aguda e o fato de estar em pleno vôo o incomodou demais. Por certo foi algo que comeu no aeroporto. Peixe morre pela boca, diziam. Ainda bem que peixe não voa. Passou em uma livraria e comprou um livro de receitas para Anna. A noiva adora cozinhar e a foto na capa pareceu tão apetitosa quanto o título insinuava: “Delícias de Minas”. Ao subir o último lance de escada no prédio onde moravam, Aloisio se deu conta de que, pela primeira vez em quatro anos, a vizinha não estava ouvindo música de forma ensurdecedora. Deveria ser um bom presságio. Quando entrou em casa Anna não estava. Havia levado todas as coisas e deixado um bilhete: “Você, como sempre, demorou demais a voltar”. Ele nunca mais quis comer frango com quiabo.

stoN