Trepo, logo existo/ Te testo e insisto/ Admoesto/ Escuta/ Ama-me

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FRED LEVA JEITO VIII

O beijo foi tão inesperado quanto delicioso. Fred foi dormir como se tudo no mundo estivesse melhor, menos denso e mais justo. Acordou com aquele sorriso do Coringa: nada o tira do seu rosto. Nosso herói até tenta deixar de ser puto, mas o universo conspira pro contrário. Lembrou-se da frase do amigo: "Se não é gay não é legal"*.

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*Ao doce Gabi Gustavo, verdadeiro e legítimo autor da máxima.

Mendes

Tenho saudade
Uma sede danada
Tenho medo de Fortaleza
Às vezes tenho vontade de te ligar de madrugada.
stoN

A língua e suas galhofas

Chegam às raias da bandalha as modificações que a língua portuguesa sofre. Eu não consigo acompanhar. Já estão falando em abolir o trema. Demorei um tempo enorme pra decorar que a fêmea do elefante era aliá*, depois descobri que esse termo cingalês caiu em desuso e que elefanta serve. E há quem arrisque um estranho “elefoa”. Quando eu descobri, pela minha professora Gorete, que o feminino de poeta era poetisa, inflei-me de orgulho e repetia o termo para todo mundo. Agora tanto faz. Diz-se “a poeta” sem o menor pudor.
Não quero ser eu o defensor de uma língua estática, morta, mas um pouco de erudição não faz mal nenhum. Sejamos coloquiais, mas nem tanto...

* Também é um termo de origem hebraica utilizado para designar a imigração judaica para Israel.

FRED LEVA JEITO VII

Otávio, pai de Fred, acha que já passou da hora do rapaz arrumar um namoro firme. Fred, no fundo, bem lá no fundo, também pensa o mesmo. Mas ele não tem beijado nenhuma menina bacana. Pelo menos não o suficiente para discutir Amy Winehouse, Lacoste e o neoclassicismo francês tardio.

Ao Menino Deus

O texto que se segue já foi postado antes. Todavia hoje é aniversário do Menino Deus, pessoa que amo demais, daí ele deve ser postado de novo. Com um imenso beijo ao meu irmigo.

uma seta para cima

so
saio
saurio
saudário
saudamário
saudadomário
saudadedomário
saudade do mário
ss
saus
saueus
sauddeus
saudaodeus
saudanodeus
saudadinodeus
saudadeninodeus
saudadedeninodeus
saudadedomeninodeus

saudade do menino deus

FRED LEVA JEITO VI

No mesmo horário, na mesma esquina, Fred se abaixou fingindo que apanhava algo no chão. Estranhamente não ouviu nenhuma manifestação. Olhou, num misto de raiva e medo, para o prédio em obras. Não havia ninguém. Esqueceu-se que era feriado.

Enterro do meu avô

Minha tia Antônia estava inconsolável.

Eu senti

Muita saudade do riso engraçado dela.
stoN

FRED LEVA JEITO V

Pablo, o irmão mais novo de Fred ganhou um Play Station três. Custou uma pequena fortuna. Fred ficou furioso. Primeiro: é grana demais para se investir num jogo eletrônico idiota, para um moleque de 14 anos não menos besta. Segundo: os pais poderiam ter investido o dinheiro na reforma do quarto de Fred. Terceiro: Pablo não merecia e Fred não é obrigado!

Irene

Irene preta

Irene boa

Irene sempre de bom humor

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Imagino Irene entrando no céu:

- Com licença, meu branco.

E São Pedro, bonachão:

- Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.

Manoel Bandeira

FRED LEVA JEITO IV

Às vezes Fred pensa em suicídio. Ela acha que é por causa da irmã mais nova que o pentelha o tempo todo e jura que ele mexe nas suas bonecas quando ninguém está por perto. Pensa também em buscar ajuda na terapia, mas teme descobrir que não é só levar jeito...

FRED LEVA JEITO III

Desde os quinze anos, quando deixou de ser gótico, Fred tem tido menos guerras com a mãe. Isso o tem desestimulado de assumir o seu lado emo que clama por manifestar-se. Todavia ele chega a ter brotoejas de vontade de ter um franjão. Ao se pentear diz pro espelho: “Eu sofro demais!”

Cummings é alguém que ando perseguindo. Ele é uma figura que me trouxe um novo olhar sobre a poesia. Zeca Baleiro musicou divinamente.

Nalgum lugar em que eu nunca estive, alegremente além
de qualquer experiência, teus olhos têm o seu silêncio:
no teu gesto mais frágil há coisas que me encerram,
ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto
teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra
embora eu tenha me fechado como dedos, nalgum lugar
me abres sempre pétala por pétala como a Primavera abre
(tocando sutilmente, misteriosamente) a sua primeira rosa
ou se quiseres me ver fechado, eu e
minha vida nos fecharemos belamente, de repente,
assim como o coração desta flor imagina
a neve cuidadosamente descendo em toda a parte;
nada que eu possa perceber neste universo iguala

o poder de tua imensa fragilidade: cuja textura
compele-me com a cor de seus continentes,
restituindo a morte e o sempre cada vez que respira
(não sei dizer o que há em ti que fecha
e abre; só uma parte de mim compreende que a
voz dos teus olhos é mais profunda que todas as rosas)

ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas!

e. e. cummings

Meus iguais,
Evoé!
Atendendo a inúmeros pedidos vou dar uma canja de como postar no blog. Como pode se ver na imagem ao lado o visitante, após escrever o texto na caixa, logo abaixo encontra 4 opções de identidade. A primeira é pra quem tem conta Google ou Blogger, ou seja: vc pode usar a sua id e sua senha do Orkut, por exemplo, que é uma conta da Google. Caso não tenha, ou queira um caminho mais fácil, basta marcar a última bolinha do “Anônimo” e logo em seguida clicar em “PUBLICAR COMENTÁRIO". Tá feito. O ideal é que junto com o comentário, lá na caixa de texto em cima, a figura assine. Se preferir o anonimato também pode.
Inté!
Ston

FRED LEVA JEITO II

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O moço está todo feliz com a sua camiseta nova de marca famosa. Sacrificou parte do seu salário parco no investimento fashion. Quando Fred vai se despedir da mãe, animadíssimo pra balada, ela o pergunta se não havia pegado a camiseta da irmã por engano. De novo ele desejou ser órfão.

Depois que descobri que tudo pode ser melhor, tornei-me um pervertido. E a devassidão tem me deixado mais feliz e disposto. Diria que agora eu sou mais integrado ao universo, numa transcendentalidade nunca dantes percebida. Enfrento a vida com a sede dos heróis de uma grande guerra que, cansados da batalha, trazem seus desejos reprimidos para um banquete de delícias. Quero, cada vez mais, a coragem da lascívia, para ser meio assim, meio assado.

FRED LEVA JEITO I

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Fred detestava ser chamado pelo nome inteiro. Onde é que a mãe estava com a cabeça quando resolveu dar-lhe o estranho nome de Frederico? Ela já implicava com o moço desde o nascimento.
Ele não tinha muitos amigos e nem muitos motivos pra andar sorrindo. Cansado de ouvir piadinhas por causa do seu jeito afeminado, perguntou ao confidente amigo Guilherme:
_ Você acha que eu levo jeito?
_ Claro que não! Você traz jeito. Respondeu prontamente.

Falha técnica

Meus caros leitores,
Evoé!!!
Por motivos de ordem técnica do portal blogspot foram cerca de 24 horas fora do ar, sem ninguém conseguir comentar e sem eu conseguir postar. Agora tudo voltou ao normal. Vamos meter o galho dentro!!!

Chewbacca

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Sempre achei que o estilo Star Wars fosse massa. Os penteados da Princesa Leia e da Rarinha poderiam estar em qualquer passarela, de qualquer fazhion week do planeta. Lorde Darth Vader, indiscutivelmente, é o mais alinhado de todos. Todavia é bolsa de Chewbacca que mais me agrada. Quero uma boroca igual a dele.

Ah, meu pai amado!!!!

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Ontem, lá pelas bandas do Fórum, em plena sexta-feira 13, dei de cara, numa encruzilhada, com a Velha do 41. Tive medo. Além de toda a superstição que possa ser aludida e/ou interpretada com relação ao fato, assombrou-me a constatação inequívoca: ela existe para além do 41. Nunca me passou pela cabeça que ela pudesse existir além do estabelecimento. No meu tosco entendimento, a presença dela sempre esteve, única e tão somente, circunscrita ao balcão do bar. Só me falta agora descobrir que o Schumacher também leva uma vida normal: vai ao dentista e corta o cabelo de vez em quando...

Fim de tarde no Maleta leio Nietzsche, ouço a primeira dama da França no MP3 e tomo Brahma. Nesse meio tempo, recebo um telefonema de um irmigo de SP. Isso deve ser globalização, né? Ao digitar isso no word ele não reconheceu a palavra “irmigo”, com uma pontada de orgulho a acrescentei ao dicionário. Só quem os tem, sabe como é bom reconhecer o significado. Aos irmigos, tudo de bom que o globalitarismo possa nos dar!

"Se existe alma, se há outra encarnação, gostaria que a mulata sapatiasse no meu caixão"

Noel Rosa

Liberdade pequeno-burguesa

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Use camisinha/ Atravesse na faixa/ Se beber, não dirija/ Vote em mim/ Aguarde o trem antes da faixa amarela/ Faça exercícios físicos/ Durma bem/ Esteja em dia com as obrigações eleitorais/ Aguarde um instante que um de nossos consultores já o atenderá/ Use cinto de segurança/ Doe sangue/ Visite o seu dentista regularmente/ Aprecie com moderação/ Coma frutas e verduras/ Não use drogas/ Cuidado com a distância entre o trem e a plataforma/ Faça trabalhos voluntários/ Não diga sua senha a estranhos/ Respeite a sinalização/ Silêncio!

stoN

Tenho trabalhado feito um insano. Ontem foram quinze horas ininterruptas. A ausência de descanso e de distração me confunde os miolos (que não são lá muitos e nem tão eficientes assim). Já nem sei se penso. Gatomário tem razão com essa coisa de maçã. Maldita hora! Alguém viu meu prozac? Na próxima encarnação quero ser uma drosófila ou coisa que o valha. Algo que justifique a sua breve existência meramente existindo. E só.

Teve vergonha de mostrar a nuca...

"Não tenho dinheiro pra pagar a minha yoga

Não tenho dinheiro pra bancar a minha droga

Eu não tenho renda pra descolar a merenda

Cansei de ser duro vou botar minh'alma à venda...

Eu não tenho grana pra sair com o meu broto

Eu não compro roupa por isso que eu ando roto

Nada vem de graça nem o pão, nem a cachaça

Quero ser o caçador ando cansado de ser caça..."

Zeca Baleiro

Tenho medo da velhice e por isso invisto parte considerável da minha grana em boteco. Adoro ovomaltine. Tenho vontade de tomar até dar dor de barriga. Preferiria não ter o que escolher. A possibilidade é o verdadeiro inferno. A inevitabilidade de tudo seria o remédio pra toda a minha ansiedade, mas não poderia ter consciência dela. Da ansiedade ou da inevitabilidade? Já nem sei. Acho que nem sempre é bom pensar nessas coisas. O que eu não daria pra ter a cabeça oca. O que eu mais tenho saudade da vida religiosa é dos retiros espirituais. Semanas inteiras em silêncio absoluto eram nirvânicas. Têm me faltado o silêncio e ovomaltine. Sobram-me boteco, ansiedade e possibilidade de escolha. Espero que eu não tenha uma velhice longa pra não continuar me sobrando esse tipo de coisa nefasta. Não. O boteco pode continuar sobrando de sobra.

Reaprendendo a rezar

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Salve, Regina,
Mater misericordiæ,
vita, dulcedo et spes nostra salve!
Ad te clamamus, exsules filii Evæ.
Ad te suspiramus gementes et flentes
in hac lacrimarum valle.
Eia ergo, advocata nostra, illos tuos
misericordes oculos ad nos converte.
Et Jesum, benedictum fructum ventris tui,
nobis post hoc exsilium, ostende.
O clemens, o pia, o dulcis
Virgo Maria!

Recentemente, Gatomário, freqüentador assíduo deste blog, descobriu (mui tardiamente, diga-se de passagem) que Freddie Mercury* era atraente. Resolvi postar a música que se segue. Ela é, disparadamente, uma das minhas favoritas entre todas. Tenho insistido com os amigos mais próximos que quero que ela seja tocada em minha cerimônia de cremação. Espero que, postumamente, respeitem essa vontade e me concedam essa homenagem. Caso contrário, volto pra puxar o pé de uns...

Under Pressure - Mercury & Bowie
Um boom ba bay/ Pressure pushing down on me/ Pressing down on you no man ask for/ Under pressure - that burns a building down/ Splits a family in two/ Puts people on streets/ Um ba ba bay/ It's the terror of knowing/ What the world is about/ Watching some good friends/ Screaming 'Let me out'/ Pray tomorrow gets me higher/ Pressure on people, people on streets/ Day day day/ da da da dup bup/ O.k./ Chippin' around/ Kick my brains around the floor/ These are the days it never rains but it pours/ Ee do bay bup/ People on streets/ Dee da dee da day/ People on streets/ Dee da dee da dee da dee da/ It's the terror of knowing/ What this world is about/ Watching some good friends/ Screaming 'Let me out'/ Pray tomorrow - gets me higher high high/ Pressure on people - people on streets/ Turned away from it all like a blind man/ Sat on a fence but it don't work/ Keep coming up with love/ but it's so slashed and torn/ Why - why - why ?/ Love love love love love/ Insanity laughs under pressure we're cracking/ Can't we give ourselves one more chance/ Why can't we give love that one more chance?/ Why can't we give love...?/ give love give love give love give love give love give love give love give love.../ 'Cause love's such an old fashioned word/ And love dares you to care for/ The people on the edge of the night/ And loves dares you to change our way of/ Caring about ourselves/ This is our last dance/ This is ourselves/ Under pressure/ Under pressure/ Pressure.

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*Nome artístico de Farrokh Bommi Bulsara, (Zanzibar, 5 de setembro de 1946 - Londres, 24 de novembro de 1991) foi o vocalista da banda de rock britânica Queen.

Sem pouso
Ouço
Parcos passos
No passadiço

Psiu!

De papel passado
Dou-te meu coração
Por uma breve pousada

Porca miséria!
Era surda
A criatura.

stoN

Sinto falta de uma paixão de felicidade instantânea, feita de brisa e algodão doce. Dessas que a gente nem sabe de onde vem e muito menos o motivo. Quero uma paixão que seja como uma gripe, com febres intensas, e que me tire do sério, do prumo, do rumo. Alguém me vende uma paixão pré-cozida ou em pó?

O trabalho enobrece e dignifica a humanidade. Tudo que eu quero é uma vida plebéia, indigna e sossegada. Talvez até desumana, mas sem trabalho.

Óbvio inevitável

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