Eu que nem fumo
acendi um cigarro de canela
e me senti melhor.
Será que eu trago?
acendi um cigarro de canela
e me senti melhor.
Será que eu trago?
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stoN
Para que todos tenham leitura em abundância e, como quem mel come, se enjoem e que as formigas não os alcancem...
A melhor forma de girar pela cidade é com gente de fora. É bom re-conhecer o espaço urbano acompanhado do olhar estrangeiro. É um constante descobrir coisas que já sabia a respeito de ruas, bares e esquinas. A cidade me arrebata. Aceito-me urbano e tento ser urbanista (termo presunçoso que me encanta, me estimula e me assusta). Quero a urbe, preciso entendê-la e me apoderar de seus processos e encantamentos. Preciso destrinchar a textura urbana. Contento-me, quase sempre, em sentir seu cheiro, ouvir seus berros e contar seus pobres que perambulam. Na verdade, a cidade do baixo meretrício me basta.
É tanta grosseria no mundo. Tanta coisa estranha, cansativa e estúpida que me dá preguiça de tudo, até de sair da cama. Tô muito cansado de arrogância, de prepotência, de egoísmo e, sobretudo, de ingratidão. Juro que tento me esforçar e nem ligar pra essas coisas. Tento mesmo construir relações diferentes ao meu redor, mas as porradas não param: chegam-me de todos os lados, sobretudo de onde menos espero e atingem onde mais machuca. E sobrevém o cansaço e a preguiça. No fim das contas não sobra muita coisa mesmo, só “eu, a viola e deus”. Ou será que foi só mais um dia ruim demais para um cara sensível demais?
Ando perdido em resquícios de desejos antigos salpicados de nuances diáfanas de novidade. Nada que se sustente no peito pelo tempo suficiente de uma paixão ou de duas doses de run num copo sujo. “Que Deus te guie porque eu não posso guiar.” E que não me venham dizer que a falta de rumo é mero pretexto disso ou daquilo, bem sei que de despretensioso que sou, deixo ao largo tudo que é baliza ou justificativa para todo e qualquer sentimento meu. Espero apenas que tudo não resulte em mais uma noite, em vão, na companhia da amargura e de um bom amigo ouvinte. É nessa hora que algo em mim esbraveja: “Larga a mão disso, moço! Vale à pena perder tempo com essas idiotices não!”. Sou um cretino pretensioso, penso a dor.