Quando Dora, depois de tanto tempo, ouviu a voz de Léo, sentiu como se algo muito bom e pesado se acomodasse dentro dela. Uma espécie de movimento tectônico visceral que a fez se lembrar de como era bom trepar com ele. É uma saudade geológica, pensou. No resto da noite tudo correu como se poderia esperar numa situação daquelas: as amigas falantes e bêbadas discutindo coisas do trabalho e de suas relações quase sempre patéticas e frustradas, os caras tentando parecer atraentes também com patéticos e frustrados desempenhos. Dora se manteve bem humorada a noite toda, o sorriso de Léo já era mais do que suficiente para mantê-la assim por dias. Teve vontade de ir atrás dele quando se levantou pra ir ao banheiro, mas conteve-se. O cretino, por certo, imagina que ela ainda é apaixonada por ele, mas ele não sabe o que é uma saudade geológica de trepada. Só as mulheres o sabem e os geólogos, por um deturpado instinto técnico, que nada tem de sexual, timidamente vislumbram o que são esses soerguimentos, abatimentos e glaciações internos dos quais o sexo, e a saudade dele, são capazes.
stoN
4 comentários:
atesto um fato: vc é louco
(mas um louco cheio de razão) ahahahaha
Obrigado, Adriana.
rsrs... eu adorei isso de 'saudade geológica' =)
Menina, eu tenho essa saudade de vez em quando.
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