Quando chegou ao saguão do aeroporto a cabeça já havia parado de doer. Nunca havia sentido uma dor tão aguda e o fato de estar em pleno vôo o incomodou demais. Por certo foi algo que comeu no aeroporto. Peixe morre pela boca, diziam. Ainda bem que peixe não voa. Passou em uma livraria e comprou um livro de receitas para Anna. A noiva adora cozinhar e a foto na capa pareceu tão apetitosa quanto o título insinuava: “Delícias de Minas”. Ao subir o último lance de escada no prédio onde moravam, Aloisio se deu conta de que, pela primeira vez em quatro anos, a vizinha não estava ouvindo música de forma ensurdecedora. Deveria ser um bom presságio. Quando entrou em casa Anna não estava. Havia levado todas as coisas e deixado um bilhete: “Você, como sempre, demorou demais a voltar”. Ele nunca mais quis comer frango com quiabo.
stoN
4 comentários:
Obrigado pela Visita, também vou passar mais vezes por aqui. Abraço.
Seja bem vindo, F.
Lendo esse texto me lembrei de outro, sobre outra "delícia mineira": o sotaque.
Só mineiro consegue ler: http://www.twitlonger.com/show/38km80
Abraço!
Rsrsrsrsrs. Legal o texto, Victor.
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