28/02/2009

robert mapplethorpe II


Acordei com a impressão de que, como no receio do Baleiro, estou envelhecendo lendo Maiakovski numa loja de conveniência. Talvez seja só o fígado abrindo o bico depois de reiterados abusos com o coitado. No mais, o carná se foi e tenho que começar a pensar em matéria isolada, inglês, guardar dinheiro pra viajar no fim do ano, fazer uma reforma no banheiro... É tanta coisa. Vou tomar mais uma e ir andando com “a leve impressão de que já vou tarde”.
stoN

26/02/2009

O lance de degraus que levava até o terceiro andar rangeu como num filme de terror de quinta. Suzane achou engraçado que alguém morasse em um prédio tão velho e sujo. Tudo em Alfredo era engraçado, velho ou sujo. Vasculhou em qual parte da história dos dois havia deixado de amar o doce cara que tinha planos estranhos e um curioso corte de cabelo. Deve ter sido quando ela deixou de se preocupar com manchas no tapete e abandonou de vez a obsessão asséptica que só uma libriana pode ter. Ou então quando ela parou de acreditar no zodíaco. Alfredo a recebeu com a mesma cara boa de sempre. Fizeram macarrão com molho branco, assistiram jornal e treparam. Ele queria que ela dormisse, mas Suzane preferiu chamar um táxi. Nunca gostou de dormir com taurinos.
stoN

25/02/2009

Ao Little Dylan

Passei de novo em frente ao Banzay. Tava lotado. Tive vontade de perguntar à Cigana se ela se lembra de meu amor que atravessou o Atlântico. Bem sei que ela nem se lembra de quem serviu na noite anterior. Garçonetes de meia idade de bares do centro de grandes cidades têm memória curta. Sobretudo quando o tema é amor fugidio. É só pra dizer que você me faz falta. Que você e Cigana saibam disso: você me faz muita falta.
stoN

24/02/2009

"E um dia, afinal, tinham o direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia que se chamava carnaval."
Chico Buarque

21/02/2009

"Fui o alvo perfeito, muitas vezes no peito atingido"

20/02/2009

17/02/2009

Alguém jogou uma pedra no pára brisa traseiro do carro do moço com bigode esbranquiçado. O barulho seco e abafado me despertou da letargia do café amargo no copo lagoinha. Coitado do moço do bigode envelhecido. Nem viu de onde veio a pedra. Pensei em pedir mais uma empada de queijo, mas tive medo de que a noite me pegasse ainda na estrada. Acendi um cigarro, paguei minha conta e dirigi feito um louco. Doido de vontade de chegar. No caminho pensei que nunca usarei bigode quando estiver mais velho. Nunca usarei ser velho perto dos outros.
stoN

15/02/2009

Strani Amori

"Mi dispiace devo andare via, ma sapevo che era una bugia/ Quanto tempo perso dietro a lui,/ Che promette poi non cambia mai/ Strani amori mettono nei guai, ma in realtà; siamo noi./ E lo aspetti ad un telefono, litigando che sia libero/ Con il cuore nello stomaco, un gomitolo nell'angolo/ Lí; da solo, dentro un brivido, ma perché; lui non c'è, e sono/ Strani amori che fanno crescere e sorridere tra le lacrime/ Quante pagine lì; da scrivere, sogni e lividi da dividere./ Sono amori che spesso a quest'età;/ Si confondono dentro quest'anima/ Che s'interroga senza decidere, se è; un amore che fa per noi/ E quante notti perse a piangere, rileggendo quelle lettere/ Che non riesci più; a buttare via, dal labirinto della nostalgia/ Grandi amori che finiscono, ma perché; restano, nel cuore/ Strani amori che vanno e vengono,/ Nei pensieri che li nascondono,/ Storie vere che ci appartengono, ma si lasciano come noi/ Strani amori fragili, prigioneri liberi,/ Strani amori mettono nei guai ma in realtà; siamo noi/ Strani amori fragili, prigioneri liberi,/ Strani amori che non sano vivere e si pergono dentro noi/ Mi dispiace devo andare via, questa volta l'ho promesso a meperché; ho voglia di un amore vero, senza te."
R.Buti / Cheope / M.Marati / A.Valsiglio

Encontro

grata coincidência
seus sorriso e beijo
trazem mais alento
do que a Vale Verde.
stoN

12/02/2009

Modernosas idiossincrasias joviais e o cinema

O cara era
Tipo
Maior triste
Aí ele conheceu
Essa mulher
Que fez dele
Tipo
O maior feliz
E
Esses caras
Tão querendo matar ele.
stoN

10/02/2009

Solange veio a mim de uma forma tão abrupta e intensa que não tive fôlego, sossego nem perspicácia suficientes para mais do que três meses na cama dela. Nunca deixei que viesse até a minha. Era do tipo de mulher que nunca se deve deixar que invada o seu reino. É preciso montar barricadas, deitar pólvora nos mosquetes, soltar mais crocodilos no fosso, chegar fervura aos tachos de azeite. Caso Solange chegasse um pouco mais perto, provavelmente, hoje eu estaria menos tenso, mais teso. Em finais de verão com muita chuva sinto saudade dela. Sinto falta do modo, bem perto da crueldade, com o qual ela me fazia tomar uma garrafa inteira de vodca. Solange me ligava no meio da madrugada. Hoje em dia eu não tenho mais telefone.
stoN

08/02/2009


Deitei-me depois do almoço, mas não consegui dormir. Levantei-me, comi chocolate amargo, acendi um incenso e uma vela de citronela e li um conto erótico no computador, mas a paúra continuou. Tomei coca cola e acendi um cigarro indiano. Vou acabar me acostumando a fumar, pensei. Cai uma chuva fina que atrapalhou meus planos pra tarde, e o que é pior: está esfriando. Tudo é pior no domingo.

stoN

07/02/2009

coti di ânus

Quando ele acordou-se, eu já estava cansado de fazer nada. Foi um porre homérico que o derrubou de jeito. Combinamos coisas e planejamos as próximas etapas do combinado. Plano perfeito, pro crime perfeito. Aquele que não deixa suspeito.
Chegar a minha casa demorou uma eternidade e eu tive vontade de tomar uma cerveja, comer um bolinho de carne. Que fosse uma só, pra aplacar o calor de matar que anda esses dias, mas me lembrei que precisava ligar para a seguradora para “preencher o aviso de sinistro”. Como se não bastasse o susto de bater o carro ainda tem que avisar que foi sinistro?
Deus é mais!
stoN

05/02/2009

Aborto

escrevo feto
por linhas mortas
stoN

04/02/2009

Eu clichê

Eu transparente
Inteiro
Eu nu
Com medo
Sem vergonha
Com receio
Sem juízo

Sou eu assumido
Verdadeiro
Meio a meio
Sou eu lascado
Escandalizado
Egoísta

Sou eu cheio de mim
Sem rumo
Desinibido
Sem mim

stoN

03/02/2009


02/02/2009

01/02/2009

Ontem foi dia-noite-madrugada de um longo percurso de bares, o que me força a escrever projeto, que precisa ser entregue amanhã de manhã, nessa ressaca monstruosa. As manhãs de domingo poderiam ser mais, ou melhor, menos...
Ainda bem que isso vai acabar um dia.
“Vou te encontrar, vestida de cetim...”
Ao Gatomário, A Farsa. Bj, me possua!
stoN

Maratona

de copo em copo
até as três
da Martinha
stoN