29/09/2008

Meu professor de inglês sugeriu-me
que eu estude espanhol
em vez da língua da Rainha.
Será que tenho salvação?
Duvido.
God Save the Queen!!!
`
Ston

28/09/2008

Maciel Antero da Cruz Neto

IV

_ Suas dores nas costas diminuíram? Alice pergunta solicita.
_ Um pouco. Tenho vontade de tomar mais uma. Anima?
_ Nem pensar, Maciel! Amanhã acordo muito cedo.
Ela parece buscar algo que não encontra na desordem do quarto.
­_ Quer o quê?
_ Acho que perdi meu brinco azul. Gosto tanto dele...
Maciel pensa em tudo que é azul e que pode ser gostado nesse mundo: o mar, o céu, pedras de anil, arara, os olhos de Sinatra...
Depois que Alice sai, ele vai pro computador e lê um e-mail de uma antiga namorada. Ela diz que ele foi a melhor trepada da vida dela. Maciel pensa que ela deve estar sozinha demais ou que só arrumou caras babacas desde que se separou dele. Saiu de casa pensando ainda nas coisas azuis boas de serem gostadas e foi comprar um cd do Ramones.
Ston
PUTA QUE PARIU!!!

Nada por mim


Você me tem fácil demais
Mas não parece capaz
De cuidar do que possui
Você sorriu e me propôs
Que eu te deixasse em paz
Me disse vai, eu não fui
Não faça assim
Não faça nada por mim
Não vá pensando que eu sou seu
Você me diz o que fazer
Mas não procura entender
Que eu faço só pra te agradar
Me diz até o que vestir
Com quem andar e aonde ir
Mas não me pede pra voltar
'
Herbert Vianna & Paula Toller

27/09/2008

Quem mexeu no meu puta-que-pariu?

'
Não saí ontem por causa de uma conjunção de fatores: chuva, frio, cansaço, raiva e outras delongas. Justamente por isso, acordo sem o famigerado “Puta-que-pariu” reverberando na cachola. Talvez seja bom fazer isso mais vezes. Talvez seja bom estudar mais e trocar de óculos. Talvez eu precise mesmo de uma longa viagem pro litoral. É chato acordar assim. Sinto-me egoísta, cheio de querências e com pouca vontade de tudo.

26/09/2008

O amor bate na porta
o amor bate na aorta
fui abrir e me constipei.

Cardíaco e melancólico,
o amor ronca na horta
entre pés de laranjeira
entre uvas meio verdes
e desejos maduros.

Drummond

25/09/2008

Maciel Antero da Cruz Neto

III

Assim que Alice foi embora, depois de mais uma trepada, mais um cigarro e mais um desejo de mudança, Maciel voltou sua atenção para o trabalho de planejamento urbano. Precisa terminar logo esse curso de arquitetura e provar pra todo mundo que uma garrafa de vódica não é a única coisa que ele consegue terminar sem a ajuda de ninguém. Quem sabe com o diploma na mão ele consegue um trabalho nos concorrentes do escritório de Suzane? Pra se vingar dela e das outras todas. Teme já estar ficando persecutório com essa coisa toda. Tudo é foda demais. Tem que se concentrar nos estudos, já está no último período.
Dorme sobre o livro e acorda de madrugada com uma enorme dor nas costas e com uma fome de anteontem. Ainda dá tempo de pensar novamente em mudar de vida antes de pegar no sono de novo, dessa vez no lençol quentinho que ainda tem o cheiro de Alice.
Sonha que está dirigindo um conversível, ouvindo Raulzito e com a Cyndi Lauper completamente descabelada no banco do passageiro. Ele colocava o som no talo, com medo de que ela começasse a cantar. Precisa mesmo mudar de vida.
Ston
sofro feito cão sem dono
não culpo ninguém
nem posso
bebo
s
e
m
p
r
e
na taça da amargura
Ston

23/09/2008

amor é mato

em silêncio eu amo
mais do que penso
do que respiro
eu amo.
`
Ston

22/09/2008

Maciel Antero da Cruz Neto

II

Quando Alice foi se lavar, Maciel ligou a tv descompromissadamente, bem sabe que àquela hora da manhã não teria nada interessante pra se ver nos canais abertos. Pensou nos idiotas que dizem que dinheiro não traz felicidade. Pelo menos tv à cabo pode pagar o que, mesmo não sendo a felicidade em si, já é um passo pra longe da tristeza. Sempre pensava em mudar de vida depois de trepar ou depois de ser esculachado por aquela mulherada neurótica do escritório. Acredita que depois de um soco no olho ou de uma facada num rim deve-se pensar o mesmo, mas aí já é tarde demais. Sempre parece que é tarde ou cedo demais pras coisas. Deus deve usar o tempo pra brincar com os desejos dos mortais.
_ Onde tem toalha limpa?
A voz aveludada de Alice o desperta dos devaneios. Precisa comprar uma máquina de lavar nova. Tem preguiça de lavar roupa com tanta bagunça que a antiga faz. Se não tiver uma toalha limpa e seca a menina vai chiar e ele vai ter mais vontade de mudar de vida. Ou de trepar de novo. Meninas bravas e molhadas são ótima inspiração pra Maciel.
Ston

21/09/2008

Todo Sentimento


Preciso não dormir/ Até se consumar/ O tempo da gente/ Preciso conduzir/ Um tempo de te amar/ Te amando devagar e urgentemente/ Pretendo descobrir/ No último momento/ Um tempo que refaz o que desfez/ Que recolhe todo sentimento/ E bota no corpo uma outra vez/ Prometo te querer/ Até o amor cair/ Doente, doente/ Prefiro então partir/ A tempo de poder/ A gente se desvencilhar da gente/ Depois de te perder/ Te encontro com certeza/ Talvez num tempo da delicadeza/ Onde não diremos nada/ Nada aconteceu/ Apenas seguirei/ Como encantado ao lado teu.

Chico Buarque e C. Bastos

Não é o fato de estar apaixonado ou não, nem mesmo a lembrança de teu silêncio cruel e dilacerante que me move hoje. Talvez seja algo tangencial à melancolia de seu olhar tão inabalável, que nem diante da expressão mais jocosa, se dissipa. A sórdida melancolia poética, que consegue assumir tétricos contornos em tardes frias como as de hoje, trouxe-me de novo o desejo de, no teu olhar, vislumbrar tudo que poderíamos ter construído juntos. Deve ser o que o Lobão chama de "Nostalgia da Modernidade" ou só saudade mesmo. “Ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas.”

Ston Saudoso da Silva

Maciel Antero da Cruz Neto

I

Maciel estava cansado de ser humilhado por tanta gente. As “meninas” do trabalho eram as piores, melhor dizendo, eram as melhores, as mais eficientes no intento diário de mostrar a ele que não merecia estar onde estava, que por méritos próprios jamais chegaria ao cargo de auxiliar de projetos (com relevantes atribuições de contínuo e estagiário) em um famoso escritório de arquitetura e urbanismo. Ainda se fosse só um escritório de arquitetura tudo bem, mas era também de urbanismo, o que só fazia reforçar a incompetência e o desmerecimento do rapaz. Resolveu procurar Suzane, sua presunçosa e arrogante chefe para discutir sua demissão. Gostaria, se fosse possível ser demito, não queria perder os direitos trabalhistas que era o que iria garantir minimamente sua sobrevivência até conseguir outro emprego. Talvez até comprasse um mp3 com o dinheiro do seguro desemprego. Estava querendo um desde muito.
A conversa foi pior do que esperava. A carrasca disse que, uma vez que ele queria sair do emprego, que se demitisse. Emputecido, saiu do trabalho direto pro bar do Euclides. Precisava muito de um pouco de conversa fiada pra esquecer as mazelas de sua medíocre e prosaica existência.
Ston

19/09/2008

Penso mesmo que é chegada a hora da minha revolução pessoal. Chega de esperar que as coisas aconteçam como penso que deveriam acontecer. O universo e tudo que nele se encontra insiste em não ler o roteiro que criteriosamente preparei pro funcionamento de tudo. As pessoas são as piores. Já me acostumei com o fato delas não seguirem escripite algum, são algo imponderável, infelizmente. E eu, senhor frustrado de um universo inteiro, tenho que me resignar a fazer com que as coisas aconteçam. Que puxa! Minha revolução pessoal encontra eco/inspiração na revolta pessoal de meu novo professor de inglês (as aulas já fazem parte do processo revolucionário): “Eu quero dois pãezinhos! Não um só. E os quero com miolo e com manteiga!!!”
Ston

17/09/2008

Grávido estou, assim como Cazuza, de um liquidificador e vou parir um terremoto. A gestação é atribulada. Com audácia sigo sem ultra-sonografia que dê conta de tanta prenhês. Haverá tempo e espaço para tão vasta prole? O medo do fórceps e do pós-parto deprime desde já e supera, em muito, o gozo diáfano da concepção. Tô com vontade comer tijolo.
Ston
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16/09/2008

Uma manhã de chuva num esdrúxulo fim de inverno tropical faz tudo me parecer meio insólito numa cidade grande. Em ano eleitoral, a urbe toda é um canteiro de obras e há lama, saudade e grama recém plantada. O que me consola é que, com a chuva, além da saudade, a grama também deve crescer.
Ston

13/09/2008

Pra dizer nada

Acordei com um amigo comendo pão (ele sempre está comendo) e olhando para minha cara. Não tive tempo nem privacidade pra processar o puta-que-pariu tradicional dessas manhãs. Ontem foi mais uma noitada boa. Tão boa quanto uma noitada pode ser. Tive hoje mais uma daquelas manhãs de sábado com ressaca produtiva. Não trabalhei no texto que precisa de revisão, mas li muito e ajeitei umas coisas por aqui. Estou feliz, cansado e desesperadamente necessitado de férias, mas encontro-me feliz. Não há nada que uma boa noite de farra não cure.

11/09/2008

Para um amor que atravessou o Atlântico II

Ao Little Dylan

Confesso-me ávido por amores. De várias ordens e de todos os matizes, quero amor. Não me furto, um só segundo, de buscá-los, vivê-los, sofrê-los e, nunca sem uma dose de drama, lançá-los para o limbo.
Não obstante os turvos e deliciosos meandros do desejo, tenho amores que são o que há de mais translúcido em mim. São agradáveis e inexplicavelmente dotados de sutil presunção pequeno-burguesa. Não sofro muito quando esses amores diáfanos acabam de mansinho. Sempre acabam assim. Um deles não acabou e foi levado pro Velho Mundo. Deixou reverberando em mim uma tormenta de alegria e a saudade intensa de um beijo ímpar.
Ston

Verborragia porno-fraterna

Uma noite em claro
dentro do Gatomário
outra insone
dessa vez no Stone.

Ston

10/09/2008

cedo demais

Veio-me inesperadamente
como quem espera da chuva uma remissão
do álamo, frondosa sombra.
Foi-se sem peso e sem medida
saiu de mim em suores
deixou-me angústias e vontade de mais
tarde de mais
`
Ston

09/09/2008

Aviso em porta de banheiro numa casa de encontro administrada por freiras em BH. Ficou-me a pergunta: e o que eu faço com a bosta?

08/09/2008

Era a segunda vez que lhe batia a repentina vontade de ligar para Cristiano. Seria só para ouvir a voz dele, não teria coragem de lhe falar nada. O que dizer não faltava, mas coragem sim. Era a mudança de estação, só podia ser. Toda vez era a mesma coisa: tinha vontade de ficar horas vendo velas coloridas se consumirem e sempre surgia essa vontade de reviver o que já não dava, o que já não era. Se é que foi.
Voltou pra cozinha em busca de outro café amargo. O bule vazio denunciava que era hora de passar outro ou de pensar em comer algo. Nem uma coisa, nem outra. Paulo foi até a banca e comprou uma revista de fotografia. Iria passar o dia no parque vendo as fotos. Não valeria a pena mesmo ficar em casa o tempo todo tentando não ligar. Tomou um picolé de limão e se sentiu melhor. A vida é feita de prazeres bestas. Tão bestas como o sorriso inocente e contagiante de Cristiano.
Ston

05/09/2008

Stonto

By Léo (Coopert - Itaúna)

04/09/2008

02/09/2008


01/09/2008

Domingo sem energia elétrica

A ressaca produtiva é melhor que se pode ter. Acordei com todos os terríveis sintomas de uma homérica ressaca, todavia com um contentamento que só uma maratona de butecos poderia inspirar-me. Ontem, uma tempestade devassava a cidade e nós acabávamos em cerveja, cantorias e gargalhadas.
Havia tempo não me divertia tanto e em tão boa e inteligente companhia. Como se tudo já não fosse estranhamente interessante, pelo simples fato das pessoas divertidíssimas e agradáveis se encontrarem num local que, na melhor das boas vontades, possa ser definido como alternativo, tentar lembrar o nome do blog de Caetano que faz um trocadilho com o lema positivista da bandeira, encheu tudo de uma graça anárquica e etílica, etílica demais, arrisco dizer. Para além disso, fui presenteado por Marcelo com uma passagem de Thomas Mann que deu contornos pseudo intelectuais ao cenário pré-apocalítico do bar com videoque. Mann falava da gentileza típica de quem tem interesse sexual. Mojica esbanjava gentileza com as prováveis presas. E olha que ele, até certo ponto misantropo, alegou antes, estava numa fase que dispensava a companhia feminina. Praticamente um celibatário.
Hoje, soube através de Marcelo que Viola, do alto de sua sensatez de bailarina, assaz sabiamente, sentenciou: “você não pensou que sairia incólume de um lugar como esse?”. Só me fica uma questão: Quando voltaremos lá?