21/09/2008

Maciel Antero da Cruz Neto

I

Maciel estava cansado de ser humilhado por tanta gente. As “meninas” do trabalho eram as piores, melhor dizendo, eram as melhores, as mais eficientes no intento diário de mostrar a ele que não merecia estar onde estava, que por méritos próprios jamais chegaria ao cargo de auxiliar de projetos (com relevantes atribuições de contínuo e estagiário) em um famoso escritório de arquitetura e urbanismo. Ainda se fosse só um escritório de arquitetura tudo bem, mas era também de urbanismo, o que só fazia reforçar a incompetência e o desmerecimento do rapaz. Resolveu procurar Suzane, sua presunçosa e arrogante chefe para discutir sua demissão. Gostaria, se fosse possível ser demito, não queria perder os direitos trabalhistas que era o que iria garantir minimamente sua sobrevivência até conseguir outro emprego. Talvez até comprasse um mp3 com o dinheiro do seguro desemprego. Estava querendo um desde muito.
A conversa foi pior do que esperava. A carrasca disse que, uma vez que ele queria sair do emprego, que se demitisse. Emputecido, saiu do trabalho direto pro bar do Euclides. Precisava muito de um pouco de conversa fiada pra esquecer as mazelas de sua medíocre e prosaica existência.
Ston

Nenhum comentário: