25/04/2009

Para Raskólhnikov começou então uma época estranha, era como se uma bruma tivesse se erguido de repente diante dele, envolvendo-o numa solidão irrespirável e densa. Ao lembrar mais tarde esse tempo, percebeu como sua consciência estava escurecida, e como esse estado se prolongou, com leves intervalos, até que sobreveio a catástrofe definitiva. Estava firmemente convencido de que se enganara com em muitos pontos, por exemplo, na data e na duração de certos acontecimentos. (...) De maneira geral, naqueles últimos dias se esforçara para se convencer de que compreendia clara e plenamente a sua situação; certos fatos vulgares que necessitavam de uma elucidação imediata lhe causavam uma preocupação especial, mas, como ficaria contente se pudesse se libertar e evitar algumas preocupações cujo esquecimento, aliás, na sua situação, seria uma ameaça de realizada e irreparável rotina.
Dostoiévski in: Crime e castigo.

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