15/01/2008

Espeliotemas

Tomo Segundo
IV


Fabiano recusou o convite de Pedro de assistirem ao show de uma banda juntos. Preferiu ir ao Gárgula: mais do mesmo. Sentiu-se tentado a ligar para Alencar, mas em seguida desistiu do intento. O cretino deve estar ocupado com suas escolhas precisas e irritantes. Fabiano detestava o jeito metódico e analítico do amigo. As pessoas com as quais convivemos são boas pra nos mostrar do que realmente não gostamos. Em nós e nelas.

A música estava boa, a cerveja estava gelada e o povo estava bacana. Fabiano só pensava em como não enlouquecer. Agora estava claro: estava em franco processo de enlouquecimento. Não havia como fugir de realidade tão alarmante. Sempre soube de gente que usou substâncias e que nunca voltaram a ser o que eram. Seria esse o seu caso? Decididamente não buscaria terapia. Psicólogos, pedreiros e pessoas que dão manutenção em computador não são de confiança. Precisava era de uma nova paixão. Fulminante, desesperada. Uma daquelas que tiram o fôlego e te fazem cometer verdadeiras loucuras.

Puta que pariu! Acordou no dia seguinte com a cabeça estourando. Ninguém ao lado na cama. Menos mal. Depois de recobrar minimamente a condição humana, Fabiano resolve comer algo. 17:20 – Bar da esquina: Coca Cola com pastel de queijo. O estômago, por certo, não resistirá até os quarenta. Pelo menos não inteiro. Passa-lhe pela cabeça retornar à cidade natal, passar uns dias com a família, purificar um pouco. Roça: nada de poluição, boteco e remedinhos. A típica vontade de retorno ao colo materno...

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