09/04/2008

Foi de um jeito estranhamente austero que Solange me comunicou que nosso relacionamento estava rompido. Qual relacionamento? Por dois longos minutos me perguntei sobre isso e depois voltei a me dedicar ao trabalho. O telefone toca de novo. Vou mandar Solange à merda, pensei.
_ Arlindo, você pode vir até a minha sala?
Praticamente me teletransportei para a sala de Oscar. O cara era um bom chefe, sempre tinha sido legal comigo.

Duas horas depois estava sentado num banco do parque. Fui demitido. Pretendo nunca mais atender ao telefone e se o fizer, será para xingar o interlocutor.
Comprei um saco de pimentinha e fui pra casa. Com o celular desligado. Se o bicho toca é capaz de começar uma guerra ou pra me avisarem que tenho apenas três meses de vida.

Encontrei Solange me esperando na porta do prédio. Como, diabos, ela sabia que voltaria pra casa mais cedo? Será que ela estava tendo um caso com Oscar? Pouco provável. Ele parece gay demais para ela e Solange é metódica demais pra ele.

Penso em passar direto, fingir que não a vi. Tentativa frustrada, ela corre em minha direção, me enche o peito de murros e, aos berros, anuncia pro quarteirão inteiro que sou um canalha. Como se todos já não soubessem.

Depois de me livrar da descompensada vou comer minha pimentinha com suco de limão e ver tv. Hoje eu poderia ter o meu “dia de fúria”.

Nenhum comentário: