20/08/2008

A corda e a caçamba

Pablo foi expulso de casa sem menos nem mais. Pelo menos é o que ele sente. No fundo ele tem pena do pai que, em circunstância alguma, conseguirá acompanhar a evolução da humanidade. O que pode se esperar de um sujeito que não consegue lidar com e-mail e terminais bancários eletrônicos?
Por mais insólito que pareça, Pablo decidiu que iria morar numa caçamba. Não é para lá que se leva os entulhos e tudo do qual se quer ver livre? Pois bem, fiando-se na hombridade que lhe é peculiar, arrumou sua maloca na caçamba de uma esquina pouco movimentada do bairro. Nem por um segundo considerou se levaria aquilo adiante ou não. Talvez ele tivesse mesmo surtado, mas ali ficara até o amanhecer.
Pouco antes de o sol sair, passou por ali uma criatura encantadora que puxou papo com Pablo. Talvez por um misto de solidão, desassossego e medo, Pablo se agarrou a ela com uma tábua de salvação, como o último gole de gim de uma tarde de sábado. Fizeram um sexo gostoso, atrás da caçamba. Foi bom.
Gustavo pensou em construir uma vida ao lado de Pablo. Chegou a levá-lo pra casa e preparou uma receita francesa com beterraba e creme de leite. Pablo preferiu sair da cidade e do país. Foi em busca de algo que ainda não sabe. Até hoje penso nele como o moço lindo e audacioso que, expulso de casa, encontrou o amor numa caçamba. E lá o deixou.
Ston

3 comentários:

Anônimo disse...

Boa ameaça!

Anônimo disse...

Ora. No fundo, fiz os comentários nos posts errados, mas é pq comecei de baixo pra cima e fiquei e pernas pro ar. Enfim, gosto de vir aqui.
Já te disse que mudei de endereço de volta? Pois é. O ócio me faz fazer cada coisa...

Olha o novo endereço aí (esse é definitivo)
www.menim.com.br

PS: o conto Borboletas de Donana virou romance... não consigo parar de escrever. Fazer o quê? Melhor escrever que se calar.

Abraço e até logo.

Ston disse...

Menim, por certo o melhor é seguir escrevendo. Volte sempre, meu rei. Vou conferir o novo e definitivo endereço.