04/08/2008

Um dia irmão, comemoraremos a vitória tão esperada. Os que jogaram, os que só torceram na arquibancada. E bêbados de nós mesmos, a mesa coberta com os destroços do combate. Difícil dizer o que é sangue, e o que é molho de tomate. Brindaremos as cadeiras vazias dos que lá não estão. Os fantasmas de uma geração. Um que morreu no exílio e foi devorado por vermes estrangeiros. Um que enloqueceu um pouco e tem delírios passageiros. Um que ía mudar o mundo e se mudou. Um que era o melhor de nós e vacilou. Nossa Rosa Luxemburgo que abriu uma botique. Nosso quase Che Guevara, que hoje vive de trambique. Estaremos você e eu, irmão, e os balões circundarão nossas cabeças, como velhos remorsos. E os garçons olharão para nós, e desejarão a nossa morte. Dane-se as nossas trapalhadas, estivemos nas barricadas. Não temos placas na rua, como heróis da resistência, mas, temos consciência de que os bárbaros não passaram.
Então você dirá:
- Como heróis ? Como não passaram? Meu querido, fui eu quem vi, não te falaram? Os bárbaros ganharam!
Luiz Fernando Veríssimo

2 comentários:

Anônimo disse...

Fazer trinta anos e ler este texto não tem preço. O que somos é feito do que fomos. Ai vida...

Marcelo.

Ston disse...

Meu rei, que a vida lhe seja leve. Bj