16/12/2007

Espeliotemas

Tomo Segundo
I


Demorou uma eternidade a passagem do coletivo. Fabiano era um poço de ansiedade, ainda mais quando se tratava de algo que tanto instigava sua curiosidade. Quando, finalmente, iria continuar a travessia da rua, vê Pedro caminhando em direção a um discreto café no lado oposto. Decidiu ir falar com ele. Uma sensação absurda: como em “Clube da Luta”, Pedro era ele mesmo. Indubitavelmente estava enlouquecendo, pensou. Todos os acontecimentos comprovam isso. A vida tacanha, o emprego medíocre na farmácia, o curso que de chato caminhava pro insuportável. E essa assombração? O que esse cara está querendo? Será que ele me segue mesmo ou é mais uma loucura minha? Preciso parar de tomar esses remedinhos...

No café Pedro o recebeu com o mesmo sorriso enigmático. A própria esfinge do terceiro milênio tomando um descafeinado com creme. Cumprimentos descompromissados. Fabiano foi tomado de uma vergonha enorme. Está realmente enlouquecendo. Pedro foi tão cortês quanto qualquer outra pessoa que há muito não se via. Conversaram frugalidades e, obviamente, Fabiano não teve coragem de dizer ao interlocutor que tinha certeza absoluta que ele o vinha seguindo nas últimas semanas.

Foram uns trinta minutos de um agradável papo. Já de volta em casa, Fabiano está arrumando um pouco as coisas. Há muitos livros espalhados, copos sujos e uma carta de sua mãe no tapete. O moço se pergunta se não seria melhor buscar tratamento. Essa confusão em sua cabeça está ficando séria. E se ele começasse a ouvir vozes? E, pior, se ele passar a fazer o que elas mandarem?

2 comentários:

Anônimo disse...

belo texto.

recomendo: http://www.sexocean.com/

mario

Ston disse...

Obrigado. Caí na besteira de ver o site recomendado. Espero que ninguém faça o mesmo.